Saturday, December 15, 2007

crémaillère *

o condomínio é dos mais bem frequentados, o que deixa, essa que vos fala, pra lá honrada e toda prosa !

estamos recebendo visitas na NOVA CASA, embora o bazar ainda esteja meio bazar. os gatos ainda nem encontraram seus cantos, e rebatizamos o empreendimento; projeto e execução do síndico: tiagón, pra quem, agora, eu preciso enviar uma réplica do zeppelin em tamanho natural à título de agradecimento...!

façam como chez vous !
ah, os vizinhos são amistosos e recebem muitímo bem.

* algo como : ‘festejar a nova casa’

Thursday, December 13, 2007

pormenores

me assalta uma necessidade de falar de calcinhas.
o primeiro e mais abundante tipo, aqui na frança, é a calcinha-latifúndio.
latifúndio é calcinha de vó. e, a julgar pela oferta no comércio, o uso não se restringe às senhôuras em idade mais avançada que já superaram as fraquezas da carne. francamente, não dá...

depois, tem aquilo que, segundo meu marido, não se chama de calcinha, de jeito nehum, é sem-vergonhice. essas costumam ser bem bonitas, mas o tamanho me intriga. em geral, são pequeníssimas derrière, mas muito bem comportadas na chegada. ou seja, o modelo, a cor, o tecido são pra sedução, é, invariavelmente, um fio-dental, mas, na frente, um negócio gigantesco, horroroso.


essa, da foto, é uma calcinha de alta costura que custa apenasmente 295 euros; certamente não estaria na minha cesta de compras.

é o que se encontra correntemente. claro, é possivel encontrar sem-vergonhices-absolutamente-micrométricas, mais conhecidas como coisas-do-demo. mas, tem que bem procurar. bem recompensado, você será!

o problema é que eu não vejo por aqui nossas clássicas calcinhas-tanguinhas. naquele tamanhinho exato pro consumo interno e mega-versátil. 1.) não faz feio se você “precisar” se despir. 2.) e, ainda, é de um tamanho compatível para o detestável período das regras e seus adereços, mais detestáveis ainda.

ainda... elaboro, mas creio, possível e provavelmente, tenha a ver com hábitos em relação à cabeleira pubiana. a depilação francesa mais ousada se chama maillot brésillien. fui conferir: "mas no que consiste, exatamente? mas peraí, eu venho do brasil!" as francesas só riam... enquanto eu morria de saudade da irene - minha santa depiladora.
no fim, a interpretaçao do "brasileiro" é variada, e o serviço custa la peau des fesses - a pele da bunda.

próxima pauta: os absorventes franceses, que não são os mesmos do tempo em que incomodada ficava a sua vó, apenas porque são descartáveis. inveja do tico.

Tuesday, December 11, 2007

meu breve instante tumeleiro

depois de três anos com aquele template azulão básico do blogger, fiz uma reforma na casa. e foi aquele artesanato bárbaro, porque sei tanto de programação quanto de tricô e crochê.
e ela ficou bem bonitinha.

aí, o tiagón, cabeça pensante nessa rede e tal, que me ensinou a assinar o feed (!), e a cada visita chez lui, me faz pensar que a blogosfera é um cidade aprazível, me convidou pra morar no condomínio verbeat!

e eu fiquei toda contente e toda prosa, que a vizinhança é lôca de boa, e quanta honra e tudo mais.
estarei deixando a casa em breve...!

Monday, December 10, 2007

a rosa

acabei de ler "primeiras estórias", do guimarães rosa.

duas coisas.
a primeira e óbvia: fico imaginando as tentativas de assassinato sofridas pelo estilo sertanejo-húngaro-em-latim-oral-impresso, por parte de seus revisores.
segundamente, não nego que me alivia a corrente desnecessidade de re-inventar a prosa.

e junto uma terceira metida coisa: o artesanato do verbo é latente, a leitura exige. mas, o que faz diferença, é um risco-fadiga-meritório.

Thursday, December 06, 2007

“Officiellement mon cher Pimenta, tu n’as rien vu”, disse-me Agache após ter feito passar ante meus olhos todos os desenhos, projectos, perspectivas e maquettes, de cujo emmaranhado surge, pouco a pouco, a visão maravilhosa do Rio de Janeiro de amanhã.

Indubitavelmente o plano geral de transformação e desenvolvimento de nossa cidade (...) constituirá um forte e nobre élo entre a geração de hoje e as gerações vindouras, encadeando os sentimentos da nacionalidade, desenvolvendo a consciencia social do povo, fortalecendo enfim a alma brasileira.
Indiscutivel, (...) facil e prever o alento novo que aqui receberá a raça e as fortes e elevadas affirmações de valor que aqui ella dará.

A confiança que o povo brasileiro tem no porvir não nasce portanto da fantasia ou do sentimentalismo senão que se alicerça na razão, nos factos, nos ensinamentos da Historia, na analyse do passado.


um único e solitário neurônio dá conta. algo não saiu conforme o planejado. com o rio de janeiro e com o alento novo, alicerçado na razão, no ensinamento dos fatos e da história e na análise do passado.

essa é a edição do dia 10 de novembro de 1928 da revista, que revolucionou o conceito de revista no brasil, capiteaneada pelo enlouquecido, visionário e tirano: assis chateubriand.
fora o português sáurico que já é um achado (porvir, por exemplo, é uma palavra morta, o que é uma pena, porque é muito útil; já emmaranhado com dois 'emes' é uma tranqueira), no mesmo número, a Éra das Forças Hydraulicas é uma crônica de onde estaríamos nos anos 2000. ler 80 anos retrospectivamente não deixa de ser interessante. especulações sobre a matriz energética, e alguns respingos na organização social. desigual ainda, mas a fome teria sido extinta nos anos 2000.

eu tinha certeza de que viveríamos como os jetsons. pille, exatamente na virada. claro, passar roupa seria atirar camisas dentro de uma máquina... mas isso é do tempo que um aparelho de fac-símilie era do tamanho de uma geladeira e a humanidade era otimista.
algo deu errado, não resisto à idéia de que viemos parar dentro dum filme de jacques tati. mon oncle, claro.

Wednesday, December 05, 2007

tortuosos são os caminhos do senhor

suba até a igreja do nosso senhor do bom fim, ou todas as escadarias da sacre coeur pra ver se não. claro que é premeditado. domingo fiz como reza a cartilha, subi até o monte fourvière, pra ver a basílica de notre damme, no alto da cidade de lyon.

subi as escadarias estreitas da velha lyon, o caminho íngreme até os jardins, e a trilha em zigue-zague ascendente rumo ao céu. a princípio, pensei, pagaria os pecados, se os tivesse. no meio do caminho me assaltou a dúvida, se comer a 8 euros, receber 12 da faculdade, e embolsar 4 euros, se constituiria um pecado...

antes de concluir, cheguei no alto. a igreja é uma falsa construção bizantina – essa colei do meu guia, bem impressionante mesmo. mesmo, as igrejas são feitas pra impressionar. mas depois de córdoba e toledo, o parâmetro fica meio ridículo, mesmo. os padres se superaram lá. a primeira, pela violência, uma catedral com colunas árabes, adeus à maior mesquita construída no sul da espanha, uma aberração arquitetônica emblemática. a segunda, pela beleza gótica, assombrada por gárgulas e torres infinitas.

a vantagem da basílica de fourvière: os telhados de lyon a seus pés e a vista da cidade inteira guardada, ao fundo, pelos alpes, requinte de crueldade: nevados.
pior, a vizinhança: dois anfiteatros romanos, um deles o mais antigo contruído na frança, no ano 15.000 a.c.

pelo sim, pelo não, como estava sem mapa, só rezei pra não me perder nos traboulles – passagens secretas que atravessam quarteirões, e saem... só deus sabe onde.

Friday, November 30, 2007

convite: contos de algibeira - lançamento

é o novo lançamento da casa verde, e o terceiro da série lilliput. eu podia começar com o óbvio "quanto menor o frasco"... nos economizo... pois, se são mini-contos, temos mega-escritores. quantia e excelência - eles vão dominar o mundo, não tenho dúvida.
eu desejo sucesso de público, vendas, crítica, resenha em todos os bons jornais (?!?), todos os louros e a glória literária pra vocês - exceto os chás semanais da academia, 107 cadeiras a mais, convenhamos...

os envolvidos:
DESIGN E CAPA: Auracebio Pereira
APRESENTAÇÃO: Ruy Carlos Ostermann
REVISÃO: Luiz Antonio de Assis Brasil, Valesca de Assis (textos portugueses) e Luís Augusto Junges Lopes
ORGANIZAÇÃO: Laís Chaffe

os escritores:
Adrienne Myrtes, Álamo Oliveira, Alexandre Borges, Alexandre Guardiola, Altair Martins, Ana Baggio, Ana Mendes, Ana Ramalhete, Ana Saramago, Andréa Del Fuego, A ngela Schnoor, Aurora Silva, Berenice Sica Lamas, Caco Belmonte, Caio Riter, Carlos Gerbase, Carlos Seabra, Carlos Tomé, Celia Maria Maciel, Celso Gutfreind, Christina Dias, Cíntia Moscovich, Claudia Tajes, Claudio Parreira, Cleci Silveira, Clelia Bortolini, Daniel de Sá, Daniel Rocha, Edson Cruz, Fabrício Carpinejar, Fernando Bonassi, Fernando Gomes, Fernando Neubarth, Fernando Rozano, Filipe Bortolini, Frederico Alberti, Gonçalo M. Tavares, Henrique Manuel Bento Fialho, Hugo Rosa, Índigo, Ivana Arruda Leite, Ivette Brandalise, Jaime Cimenti, Jaime Vaz Brasil, Jane Tutikian, Jeová Santana, João Carlos Silva, João Pedro Mésseder, João Ventura, Joel Neto, José Bandeira, José Eduardo Degrazia, Laís Chaffe, Leonardo Brasiliense, Leozito Coelho, Livia Garcia-Roza, Lourenço Cazarré, Luciana Penna, Luciana Veiga, Luís Dill, Luis Ene, Luiz Antonio de Assis Brasil, Luiz Arraes, Luiz Paulo Faccioli, manuel a. domingos, Marcelino Freire, Marcelo Spalding, Maria Helena Weber, Maria João Lopes Fernandes, Mário Calado Pedro, Mario Pirata, Marô Barbieri, Milena Fischer, Monique Revillion, Nelson de Oliveira, Nilto Maciel, Nuno Camarneiro, Nuno Costa Santos, Paulo Bentancur, Paulo Kellerman, Paulo Rodrigues Ferreira, Pedro Coelho, Pedro Maciel, Pedro Salgueiro, Rafael Mota Miranda, Raquel Grabauska, Ray Silveira, Ricardo Silvestrin, Rinaldo de Fernandes, Rita Cunha Travassos, Rubem Penz, Rui Costa, Rui Manuel Amaral, Rui Zink, Rute Mota, Samir Mesquita, Sara Monteiro, Silvio Fiorani, Sérgio Capparelli, Sergio Napp, Tailor Diniz, Valesca de Assis, Vasco M. Barreto, Walter Galvani, Wilson Bueno, Wilson Gorj, Zezé Pina.

o evento:
QUEM: 107 autores
QUANDO: 1º de dezembro de 2007, sábado, a partir das 18h30min
ONDE: Alameda dos Escritores do Shopping Total (Cristóvão Colombo, 545)
QUANTO: R$ 20,00

Wednesday, November 28, 2007

o tiagón publicou um negócio impressionante ontem.

o mais próximo que cheguei da estética comunista foi berlim oriental. é outra cidade. mas, pensando...
na sofisticação arquitetônica que reina no entorno do portal de bradenburgo, na torta-instituição-de-maçã-alemã que se degusta no suntuoso operncafé, saindo do altes museum - ainda boquiaberto de ter visto nefertiti em 'carne e osso', em caminhar como quem não quer muito e tomar o choque estético na cara em alexanderplatz, render homenagens a marx, se for o caso - e foi!, seguir pela karl marx alle, parar num salão de beleza retrô, que serve bebidas, seguir e ver o que resta do muro, voltar, se engasgar no bundstag - o parlamento alemão, vendo as fotos da história, apreender com naturalidade os homens tomando banho de sol totalmente nus no tiegarten - parque central da cidade, tomar drinkes num squad, e finalmente, ver gente de cabelo verde no metrô! (não tem roleta, nem cobrador, nem fiscal. e todo mundo paga a passagem.)
isso é berlim.
(roteiro pra uma semana, por favor. não se matem.)

Monday, November 26, 2007

satolep vitor sambatown

faz duas semanas que eu estou namorando esse CD - desde que ele chegou pelo correio, enviado dos longes da capital da província boi. pelo meu amor (por isso é amor, etecéteras).

é o último do vitor ramil, em parceria com marcos suzano.
vitor renderia laudas. lembro de preencher as inúteis aulas de "teorias do jornalismo" escrevendo as letras do "tango", com o alexandre schöessler e o gilberto!

no momento, acho suficiente dizer que "satolep sambatown" é música que se escuta pelo mediastino.

Wednesday, November 21, 2007

oui à la liberté de fumer

é a manisfetação de hoje em paris.
que se soma aos grevistas da sncf (trens intermunicipais), ratp (metrô e ônibus de paris), edf (companhia de eletricidade), gdf (companhia de gás), la poste (os correios franceses), escolas, universidades, e, até, do opera.

estima-se que 40% do funcionalismo público francês estava em greve ontem.

some-se a esse povo todo nas ruas: os usuários de todos os serviços supracitados, contra e a favor da greve.

© MartiBureau / AFP

paris é um caos engarrafada, com estações de metrô abarrotadas (não, isso que se vê na foto não é normal, mesmo nos piores horários) e cercada de manifestações por todos os lados. e, para cada lado, não são dezenas, nem centenas, mas plusieurs milliers de manifestantes nas ruas. ontem: mais de um milhão, segundo le monde.

em janeiro, entra em vigor lei que proíbe o fumo em QUALQUER estabelecimento público. inclui, bar, restaurante, boate, café, brasserie...
compreendo, etc. mas a neurose atinge um limite cacete.

quem ou o quê é capaz de substituir o prazer de minhas preguiçosas e solitárias manhãs de sábado no bar do meu quartier, acompanhada por um café au lait, croissant, le monde e cigarrinhos em sucessão e silêncio???
francamente.

me ocorre que em porto alegre começava a vigorar. ainda vale?

p.s. sarkô não negocia nada. a queda de braço está no seu oitavo dia consecutivo.

Monday, November 19, 2007

english tea

mas aí, resolvi virar borboleta. economizava o dentista e as brocas. deixei de acompanhar o noticiário, francamente, um programa surreal. minhas asas, escolhi um modelo meio miró, que eram pra voar, afinal.

a vida era vasta. e um dia, conheci o astronauta.
tentei falar-lhe, mas ele não escutava, devido ao seu traje intergaláctico. parei de tentar quando percebi que ele achava que estava percebendo o que estava realmente acontecendo, e não era nada disso: uma borboleta com cólica.

então, escrevi um scrap em cada um de seus 168 perfis no orkut e preparei meu cogumelo para a visita. comprei pela internet, um sistema de despressurização doméstico pra ele se sentir mais à vontade, e máscaras de oxigênio para lepidopteras tabagistas e humanóides gentlemans.

diziam que ele tinha joelhos magníficos. falei sobre as flores de utrecht, minhas preferidas. ele lembrou-se Henrik Gottard Cagney, o girassol inglês. nos consternamos com esses pormaiores amorosos.

quando ele foi embora, procurei, na seção "tools auto & industrial" da amazon.com, roupa de astronauta para borboletas. e encomendei uma nave espacial pra mim.

para o amigo Roger Jones

Friday, November 16, 2007

convite: alguém morre no final - lançamento


APRESENTAÇÃO de Luiz Antonio de Assis Brasil:
A literatura possui pelos menos três funções, e não serei eu a dizê-las por primeiro: a função de provocar o prazer da leitura, a de dar-nos conhecimento do mundo e a de gerar a transformação de quem lê. Os novos escritores sabem bem disso. No ambiente a Oficina Literária da PUCRS eles aprenderam a ver seus textos discutidos, analisados, avaliados em todos os seus aspectos, e não falo nos aspectos estritamente técnicos. Muito houve de emoção genuína, muito houve de descobertas, de transformações.
O grupo que ora apresenta suas produções é composto por autores das mais variadas opções profissionais e existenciais, bem como pertencem a diversas faixas de idade. O resultado se constata nos textos: há narrativas de ação, de aprofundamento psicológico, de preocupações sociais, de franco humor; enfim, tudo o que diz respeito à realidade humana. O leitor não se deixe seduzir pela idéia de que é reunido aqui apenas o resultado dos trabalhos realizados em sala de aula; muito ao contrário: na maioria são contos realizados durante a oficina, mas não diretamente para a oficina.
Não encerro com o clássico pedido de compreensão e clemência com os estreantes: já são maduros demais para isso. Apenas leia e deixe-se envolver. A literatura o exige, e pede a sua sensibilidade de leitor.

Wednesday, November 14, 2007

(ex)patriada

pode ser q eu tropece na língua. ou em várias outras coisas.
mas tenho projeto e vontade de viver algum tempo na holanda, num futuro não muito longínquo.

acabo de enviar um post do idelber (um, não. dois. um blog q recomendo vivamente) pro meu companheiro. ele me disse, amsterdam "é a NOSSA cidade, né?" eu disse, “NOSSA cidade, no NOSSO (segundo) país”. mas desconfio q, pra ele, o posto é da frança.

estou na frança há 7 meses. aprendi a apreciar o modus operandi. mas, algumas coisas me espantam: o fato de tua vida ser mais simples e mais barata (burocracias e impostos) quando teu estado civil é “casado”, por exemplo. é ridículo. até se tu quiser viver em concubinato, tu assina um papel na prefeitura.

eu estou envolvida com pesquisa em desenvolvimento rural. eles são orgulhosos dos seus “camponeses”, mas inventaram os monstruosos hypermercados e seus sistemas super verticais. a produção artesanal é linda, mas empilham-se infinitas regras. metodologica e teoricamente, percebo q eles se enredam.

a frança me dá a impressão de um país cansado, talvez. q anseia mudanças, mas, ao mesmo tempo, não consegue se desfazer de padrões. sim, um pouquinho neurótico, aussi.
mas exemplar no senso republicano. isso é invejável aqui. o respeito e o peso q o termo “cidadão” tem nesse país. q, fora isso, é lindo. e sempre terá paris.

voltando à vaca fria, digo, holandesa.
cito o idelber (2007!) “Numa sociedade que realmente não discrimina o homoerotismo, vê-se, cristalina, como é a pura paranóia tensa e ansiosa da homofobia que cria esse medo maluco de que permitir a exibição do amor homossexual vai “degenerar” alguma criança, influir na escolha sexual de alguém, “disseminar” uma coisa que supostamente deve ser contida. (...) Sempre adorei o fundamento que organiza a sociedade holandesa, e especialmente este milhão e meio abençoado que vive aqui na Grande Amsterdã: quer se prostituir ou contratar prostituta/o? É legal, tem bairro para isso. Quer fumar sua erva? Vá aos cafés, onde é legal. Quer se submeter a elaborados rituais sado-masô? Há mil e uma opções. Escandaliza-me que nossos liberais e conservadores não defendam uma sociedade com base a estas regras, que me parecem tão óbvias. O apoio maciço a elas continua intacto entre os holandeses.”

ele lembra, ainda, fuma-se em todos os bares de ams. “Tudo muito civilizado.”

o mais incrível dos holandeses é q eles SÃO assim.
passamos (meu companheiro trabalhando na universidade; eu, floreando) quase um mês, nesse verão, numa micro-cidade chamada wageningen. 30 mil habitantes. a mesma lógica de amsterdam, o mesmo respeito (a todos), a mesma simpatia e cordialidade (menos "sexo-na-vitrine", é verdade, mas 3 opções de cafés pra quem fuma a erva). e ciclovias impecáveis, aliás fazíamos tudo de bicicleta, inclusive visitar as cidades próximas. e pro meu chéri pegar a estrada de bici... é muito seguro, resumindo.

a holanda é mais ou menos o q considero uma sociedade ideal. se isso existe...

Tuesday, November 13, 2007

atualmente

escrevo sem introdução,
perdi o tacanho hábito da conclusão, há tempo.
me perco menos.
não canso de pensar no outono como a estação dessa cidade.
as árvores que avisto de meu balcão desabaram-se.
folhas.
mastigo uns dias cientificamente.

Monday, November 12, 2007

un tout p'tit peu plus de cinéma

vi o último do cronenberg esse fim de semana. 'eastern promises'. quién soy? mas, duas cenas entregam o serviço prematuramente. mesmo assim, bom. clima 'poderoso chefão'. mais cruento, porém. e a cosa nostra é russa.
a foto que eu queria publicar? o kremlin inteiro tatuado nas costas inteiras de viggo mortensen. uma beleza.
locação: londres.
idem para o último woody allen. 'cassandra's dream'. como em 'match point', ele se ocupa de affaires de morte, consciência e arrivismo.

escolhi o NOSSO filme:
'the gateway', sam peckinpah, 1972. com steve mcqueen e ali mac graw.

Monday, November 05, 2007

o códice e o cinzel em estréia

se eu estivesse em porto alegre, iria.
o resultado parcial é uma maravilha, suporte imagem-ritmo-decupagem-som. verei em dvd, acompanhada por meus vulcões de estimação. bom, evito o choque da minha visão na tela. ruim, não poderei dar um abraço 'bem cinchado' no mestre e no douglas.

uma amostra desse encontro do pampa com o sertão:


SINOPSE: O foco narrador deste filme é um olhar estrangeiro sobre o Pampa. O diretor, dessa forma, faz um paralelo com a literatura produzida pelo escritor gaúcho Luiz Antonio de Assis Brasil, a qual desenvolve esse mesmo olhar. Além do universo literário do autor, "O Códice e o Cinzel" apresenta uma reflexão acerca de vários temas que circundam seu universo existencial e estético, como por exemplo, a Oficina de Criação Literária na PUCRS, o Pampa, Porto Alegre, Mozart e sua ascendência açoriana. Gravado no Brasil, Portugal [Lisboa e Ilha de São Miguel, nos Açores] e Espanha [Madrid].



ESTRÉIA: PORTO ALEGRE-RS
filme: LUIZ ANTONIO DE ASSIS BRASIL - O CÓDICE E O CINZEL
duração: 143min.
ano de produção: 2007

Cine Santander Cultural [parte do evento: FEIRA DO LIVRO DE POA]
data: 9 de novembro de 2007
horário: 19h.
[após exibição, bate-papo com o escritor Luiz Antonio de Assis Brasil e o cineasta Douglas Machado]

Thursday, November 01, 2007

bazar... ou très bien

o velho mundo se apresenta em sépia. tem mais contraste, mas lembra uma luz de abril em porto alegre. que, nesse momento, está bordada em amarelo e roxo. sempre gostei dos jacarandás se derramando pelos caminhos. deixo outubro sem nenhum constragimento.

recebo excelentes notícias... convite para publicar internacionalmente, ao lado da bibliografia!!! artigo científico. ça veut dire que publicaremos (eu e meu companheiro, que acumula também a função de quase colega. quase porque ainda não sou doutora. ainda.) ao lado dos autores que eu utilizo, que me "roubaram" pas mal de momentos, enquanto os lia e os achava muito bem na foto. e, agora, estaremos publicados lado a lado. c'est fou ça!

imediatamente sairei no frio, no feriado dos mortos francês, que é hoje. pra me compor na paisagem outonal desse hemisfério. minhas mitocôndrias trabalham duro para manter os 36 graus corporais. meu cavaleiro me espera exatamente na entrada do inverno. definitivamente, "paris é uma festa".

Wednesday, October 24, 2007

a mongolesa, ou post meteorológico (repetido)*

o inverno chegou bem cedo. não q eu tivesse visto o verão. depois da primavera acachapante. ainda restam rosas obscenamente-desavergonhadamente rubras e muito abertas pelos jardins.

os dias são variações cinzas ton-sur-ton. o céu é baixo. roça a ponta das orelhas.

não, poucos sorrisos. q não me inspiro. evidente, os nórdicos se matam... À C A U S E DU S O L E I L ! ou melhor, por falta dele.
minha amiga mongolesa me sai com essa: “aqui, é a primeira vez q eu vejo negros.”
sorrio: “e o q tu acha?”
“eu gosto!”
agora, posso rir!

* ACESSE... outras sensações térmicas de todos os lugares do mundo. tá, quase todos.

a marselhesa

Aux armes, citoyens !
Formez vos bataillons !
Marchons, marchons !


nada disso, minha vizinha.
85 anos, cabelo escovado, bem maquiada, começa mais-ou-menos-sempre-da-seguinte-forma-gesticulando-muito-e-toda-vez:
“ah, tu mora aqui? (...) eu sou de marselha. meu marido é marselhês! (...) eu morei lá 50 anos. adoro marselha! (...) mérde! - a luz do corredor apaga.
ah, eu também, só usava saia, nessa época. o mistrau* levantava à-to-da-ho-ra, eu xingava: ‘oh, putain-madame-bartin’! (risos) minha sogra não gostava. todo mundo fala assim em marselha! e um dia uma madame perguntou se eu tava falando com ela. (risos) putain de mérde! - a luz apaga de novo.
meu marido era militar, e eu - com cara de malandra - trabalhava fazendo ‘capotes’**!”
(gargalhadas)
e segue...
temos essa conversa toda semana, umas 15 vezes, no mínimo.
com sotaque marselhês, evidentemente.

* nome de um vento noroeste que ‘sopra’ por lá.
** capote = preservativo masculino em ‘linguagem familiar francesa’, camisinha, pra simplificar...

Thursday, October 18, 2007

amor

antes de ontem, durmi com pensamentos ruins.
ontem, meu cavaleiro acordou com pensamentos ruins.
aconteceu na macedônia.
morte é furto infinito.
bouquet de nerfs.
amor são reticências oceânicas.
joana francesa.

"(...) Tu faz muita diferença em minha vida.
Gostaria de dizer isso direto em teu ouvido.
Sussurrando...
(...)
Toujours dans mes bras...
(...)
Edu, cavaleiro-ouvindo-B.-Harper-e-pensando-em-ti."

Tuesday, October 16, 2007

bertrand cantat

saiu da prisão hoje. condicional.
de madrugada. meio escondido.
proibido de proferir palavra sobre a morte de sua companheira, marie trintignant.

eu não consigo não gostar dele.

Thursday, October 11, 2007

sexo anal etc.

biajoni me remeteu a toni bentley. "a entrega" é A apologia ao sexo anal. relato pessoal em forma de ensaio. bom texto, de bom nível intelectual - sem utilizar “membro”, “ânus”, “coito” (esse é horrível), etc., e erótico, aussi.

"a novela marrom", por outro lado, tem cinzas, sim. a crônica não é q seja ligeira. é supersônica. aliás, discurso direto. sem frescura. faz a história andar. e eu me sinto uma idiota resenhando... mas, por exemplo, “sexo anal” se sai melhor q os "... budas ditosos" do joão ubaldo ribeiro, q não teve coragem, ou sei lá - q palavra mais apropriada não me ocorre, de ser oral. e, bom, só deixou as pontas meio desamarradas no fim.

ah sim, ando fumando os 'de liar'. contenção de gastos. a vida q eu pretendo: africa no inverno desse continente, e moscou, no verão... só...

haja mitocôndrias pras minhas asas.

Friday, October 05, 2007

cotidiano

faz dois dias que escuto “simply simone” e me dou ao luxo de ter cinco livros - de literatura, economia na cabeceira da cama, ainda não - começados e espelhados pelo quarto.

um deles chegou pelo correio ontem (cavaleiro-fedex!): "onde andará dulce veiga?", do caio f. abreu - que estreou no cinema essa semana, pelo diretor guilherme de almeida prado - diz que... ele não pegou o fio da meada. moi, não vi, je ne sais rien...

li e reli "morangos mofados" chegando das férias. quatro dos contos são primorosos. em geral, prefiro caio-terceira-pessoa-do-singular. ele "doma" o narrador, segura as rédeas do texto e pega os personagens com mão-de-ferro. como ensinava quiroga. irretocável. não sobra nada. nem falta.

"sexo anal", do biajoni é outro que frequenta, bem e à jato, mon chambre. sua 'novela marron' foi comparada a"o casamento", do nelson-anjo-pornográfico-rodrigues. desconcertante. o tiagón disse: 'narrativa rápida – seja lá o que isso signifique'. eu lembro de ‘outro nelson’, "núpcias de fogo", publicado sob o pseudônimo de susana flag. preto é preto, branco, vocês já sabem, e o cinza do not exist. o que interessa é a trama.

os outros... um livro idiota, mas de francês muito palatável que não guardei nem o título, nem o autor. quignard, agora, antes de durmir, cai bem.

e guimarães-com-tempo-e-cabeça-fresca-rosa foi passear em montpellier e voltou virgem. tivemos dez dias e tal, li todas as orelhas, notas, prefácios introdutórios, poesias acessórias, coisa-que-eu-faço-sempre-depois-de-ler-o-livro-porque-não-tenho-a-menor-paciência-pra-fazer-antes... mas, convenhamos não dá pra reler a “terceira margem do rio” instalada na sala de um studio habitado por mais duas personas ouvindo em francês, inglês, ah-é-?-e-o-teu?-ah-o-meu-também!-filho-da-puta!, tim-tim, dá-pra-fumar-no-balcão-ah-e-fecha-a-porta? isso era pra mim...

Thursday, September 13, 2007

nós sempre teremos paris

chegando de férias, agradeço as mensagens, re-organizo a vida... e nem sei por onde começar a mandar e pedir notícias.

fiquei 38 dias fora, 37 em companhia do duda. pegamos trem, avião, bicicleta, fizemos casa, pique-nique, hotel, passamos por três países e inúmeras cidades... impossível descrever toda a tourné, e, menos factível, traduzir o quão feliz e tanto de bem que meu companheiro me fez.

nossa viagem acabou em paris. nossa despedida foi na estação bastilha. subindo a torre eiffel à noite, ganhei declaração. flanando, ganhei de presente outra paris. nova. e ainda melhor que aquela que eu descobri sozinha. e eu já a adorava. e voltei apaixonada. por ela. e por ele. mais que antes... se pode...!

a conclusão é que nos escolhemos certo (negrinho+negrinha), e que os nórdicos são excepcionais!

em berlim, visitamos uma cidade cosmopolita, sofisticada, bonita, arejada e que tem um rio...! um rio sempre faz diferença na vida de uma cidade, e os europeus sabem apreciar muito bem suas margens, o que sempre nos faz lembrar do guaíba. e lamentar.

os alemães (incluí os dois gêneros..) são grandes, gentilíssimos, loiros e muito simpáticos! um pouco como os holandeses, gente muito cordial e aberta.

entre muitas coisas que vimos e fizemos... vi, de perto, nefertiti (!!!), a mais bela berlinense, como eles a chamam. uma imagem que fez parte de minha infância e adolescência, da época que eu queria que indiana jones fosse meu marido! 'casei' com meu cavaleiro, e foi ele quem me levou a descobrir nefertiti no altes museum, me levou pra ver de perto o primeiro templo grego e o primeiro castelo fenício de minha vida, quase inteiramente reconstruídos dentro do pergamon museum. inacreditável! e digo primeiro porque nossos planos de viagens futuras não têm limites...!

e eu já não duvido de mais nada junto com meu cher-chéri, depois de termos entrado pelo tiergarten, um parque com mais de 200 hectares no centro de berlim, de onde chegamos ao cenário de "asas do desejo" e vimos berlim aos pés do anjo...

e porque wim wenders marcou minha existência com suas "asas", elegemos seu café para os nossos desjejuns. a "birita" mais interessante era em berlim oriental num antigo salão de beleza (mulher é mulher, comunista ou não) na avenida karl marx, que agora serve bebidas. berlim oriental é outra cidade. caminhar por ela nos dá a sensação tangível de uma parte relevante da história da alemanha.

depois de berlim voltamos para holanda, e estabelemos morada em wageningen. uma pequena e adorável cidade universitária, onde o trabalho esperava meu negrinho. eu, passava o dia floreando! nós dois, sempre de bicicleta: feira, café, bar, supermercado, faculdade...! fim de semana: pique-nique em cidades próximas, descobrimos castelos, represas, rios, moinhos de vento... levávamos um vinho rosé, alguns bons queijo, pão, frutas, chocolate, livros. nossa mansarda foi nossa casa holandesa, e, por mim, ficávamos lá pra sempre!

e, depois de duas 'passadas', uma antes e uma depois de berlim, amsterdam é sempre recomendável!

terminamos a viagem em paris, que, agora, não é mais minha. é nossa... junto com o canal saint-martin, a biblioteca françois mitterand, o centro georges pompidou, a fundação cartier, o museu de historia natural (recomendo muito muito; um suuuper programa!), a grande e linda mesquita e seu delicioso chá de menta, a place de vosges (endereço do chico buarque em paris!!!), cinema juntos (filme "velho"... que o negrinho adora! e eu sou parceira!), o café reflet, nosso desjejum de todo dia no marché d'aligre, o couscous dos amigos magrebinos de duda etc etc etc... mais verdadeiro que o humphrey bogart em casablanca, a sentença é nossa: "nós sempre teremos paris". porque, paris com seu amor... consegue ser ainda mais bela. e o meu me mostrou a cidade que não consta nos guias. foi mais que inesquecível!

e paro por aqui, senão sai um livro...

Tuesday, August 21, 2007

mudança

decidido. atenderemos desde o n. 30 da rua nassaweg de wageningen. e isso já faz tempo. que estamos no melhor lugar do mundo. nós dois.

Wednesday, August 15, 2007

wageningen, my home

retomo a rotina domestica e conjugal na nossa pequena e charmosa mansarda, lar temporario na holanda. somos de estrada e casa. de cafe, feira, supermercado. birita, sinuca, pito. cidade nova, mapa trocado, museu. cafe einstein, berlim oriental, ams novamente. trem, amor, orgasmo. ceu e bicicletas!

estou de tanta felicidade, mesmo com estardalhacos de existir.
azar pros acentos.

Saturday, July 28, 2007

fr - rs ... bom fim - berlim ... br

fora aulas e deveres de francês – minha turma é ótima, e as russas já me esperam em moscou! - viajo um pouquinho... e é uma cachaça.
semana passada cheguei aos pirineus e lembrei da província boi em aix-les-thermes, na fronteira da frança com andorra.


no caminho... o viaduto de millau. em alguns trechos, mais alto que a torre eiffel.?!

um viajante francês esteve de passagem pelos pagos-rs no início do século passado e foi até caçapava. lallement se perguntava sem cessar quem teria plantado uma cidade no meio de terreno tão inóspito...! veja bem que chegar em caçapava hoje é uma barbada!
enquanto isso... em... aix-les-thermes...

quem largou uma cidade inteira no fundo dos pirineus??? e hoje não é uma barbada chegar lá...
mas, cada curva da estrada estreita, sinuosa e fatigante recompensa. belas paisagens, cidadezinhas queridas, chatôs, e vacas que desafiam a primeira lei de newton!

hoje estive em ambert...
a cidade é uma jóinha. e foi onde começou a produção de papel na frança. o digno de nota: papel super-ecológico! pinus? nada! matéria prima utilizada: anáguas. hoje inviável. as mulheres não usam mais anáguas...


melhor que isso: parto para o país dos tamancos de férias. junto com meu cavaleiro-edu-harcore-ernesto-cosmopolita. !!! depois, berlim. !!! à cause de tanta felicidade, acho que posso, escuto os álbuns interditos - pra mim - do caetano. if you hold stone. choro...
mas... no pasa nada.


exceto nossa héritage portuguesa. passou do tolerável.
nunca saimos do coronelismo. e não existe previsão para "instalação" de uma república.

Wednesday, July 11, 2007

escreverei os meus sapatos no teu verbo (*)

habito sobre uma cadeia de oitenta vulcões. adormecidos. ainda sou a noite no café da manhã sem as xícaras. me pergunto: por que deus não se aconselhou com kulechov, em matéria de geografia (criativa), quando da criação mundo??? sócio das companhias aéreas???

no problem. nos perderemos no país dos tamancos novamente.
pontos de exclamação multiétnicos, s'il te plaît.
bien sûr, j'adoooooooore!!!!!!

(*) sapatos em copacabana - vitor ramil

mas... além dos tamancos...

a holanda tem moinhos-de-vento também...!
e amsterdam. que é uma cidade de bonecas. plena de putaria e maconha. onde o idioma é ininteligível. e a gentileza é tão generalizada quanto as tulipas. foi onde experimentei os trens mais pontuais do mundo (17h03min não é 17h04min). a cidade foi construída sobre canais e contrastes. eu a descobri entre licores de família escondidos numa ruazinha (que, milagrosamente, meu cavaleiro-gary-oldman-modelo-71-sem-GPS soube achar pra mim!), rembrantds do rijksmuseum, narguilés, os girassois do van gogh, sorrisos, malas extraviadas, e "my bed"... ao lado, claro, do meu cavaleiro-gary-oldman-modelo-71-sem-GPS!

pois, é como bem diz a luiza: coerência é coisa de psicopata!

Sunday, June 24, 2007

30 anos essa noite...

entro em silêncio.
achando que me caem elegantemente... os trinta gloriosos!

Friday, June 22, 2007

pesquei

"[...] nem quero ser estanque
como quem constrói estradas
e não anda"

Sunday, June 17, 2007

instalação

minha cabeça chegou com dois meses de retard. um beijo em bruxelas, e sai um carregamento de volta pra porto alegre...!
me devolveu os nervos, e é ótimo.
já devo cerejas à mãe de uma amiga. vou colher antes da chuva.
casa nova com sacada... quando instalar plantas, usarei pontos de exclamação.
francês, espanhol, macedônico, inglês. ótimo para os nervos: presente! turn off é uma benção ao fim do dia. não, moço, eu não falo espanhol. meu inglês se arruina num fighting interminável com a língua de molière à custa do desuso. zero providências imediatas. salvo, aprenda a falar francês em 40 lições e fique pasmo, anglofônico, com conjugações latinas, plural, singular, gênero e outros adereços.
samba? não, moço, desde os vinte. dez anos. sim, sou brasileira. balzac pra mim!
ah, comprei um gogol em francês - muito embora... consciente de que algumas edições francesas assassinaram os russos afogados em rococós inexistentes. arrisco. nunca pretendi lê-lo no original... pro idioma de nascença, paulo francis.

Saturday, June 09, 2007

insônia é banzo

ontem não é ontem. licença do que escrevi ante-ontem. que é mais antigo que duas primaveras ao norte do equador.
sumarizo.

deixei minhas florzinhas dentro da caixa marroquina, no meio da sala de estar do cavaleiro-sir-toujours-cabelos-hemáceas-musculares-proteínas-de-erguer-castelos-escadarias-do-céu-avec-moi. mas tenho borboletas transatlânticas...

trobiand ainda vale. da provincia-boi ao sertão do piaui. letters and movies. desde a terra do sol nascente, words. nada como receber a gentileza de um lord. poetry.
eu-cardiaco, encanto com olhos de engasgar palavras. queridas. retribuo.

choro comendo cerejas, porque pessoas pequenas crescem...

ainda acho voltaire um filho da puta.

Wednesday, June 06, 2007

pequenos furtos

se há de escrever...
que ao menos não se esmaguem com palavras as borboletas.

a palavra precisa lança o som à velocidade da luz
mas quando chega envelopada, selada e carimbada, aprecio!

sou contraditório, sou imenso, há multidões dentro de mim
e haja cigarro pra todos!

ninguém é autosuficiente que não possa rastejar
rastejaremos de trem até vichy!

Saturday, June 02, 2007

Thursday, May 31, 2007

economia. pero, no de todo...

as abelhas andam de flor em flor. em português. na frança, elas butinent. simplesmente. e é a mesmíssima coisa! o mesmo para beija-flores, mariposas, namorados, girafas, espaço-naves, hipopótamos, poetas, executivos... q "andam de flor em flor"...
concisão é tudo.
menos nas cartas dos amantes. laudas, por favor!
j'adore!

Thursday, May 24, 2007

o mundo é em relação

aqui, a relva vulgar dá flores. lavandas e roseiras não se constrangem, violetas-vermelhas. o verde temperado é multi-tons. grilos, pássaros e lagartixas passeiam. se cantam e se namoram. as abelhas polinizam flores de trevos sob meus pés. insetos fazem amor na minha janela. o monóxido de carbono é apenas particular.

e não tem cafés, nem vagabundos, nem atropelo e pardon! não tem cartões postais na beira do rio, livros à 50 centimes, o túmulo de cortázar, o reflet, nem alguém que me ache italiana e arranha português na moufftard. faltam linhas de metrô, convites loucos recusados. paris é um coletivo que não sou eu. mas entrou em mim.

quignard conjuga o amor masculino em passé simple.
informação dos nativos: tempo verbal literário. a dúvida: qual é o tempo verbal do amor masculino??? quero conjugar meu cavaleiro em présent parfait.

Monday, May 21, 2007

de passagem...

voltando de paris, escutando 'eletric' do cult, me perguntando sem parar como minha irmã - super ane! - pode acertar tanto me mandando esse cd, procurando uma foto para o cimetière de montparnasse et moi, falando com três pessoas ao mesmo tempo na web... born to be wild! não achei a foto q eu queria... mais je suis heureuse aujourd'hui!

Tuesday, May 15, 2007

le temp...

quase um mês. ja nem estranho escutar francês todo tempo. salvo os guadalupenhos da assertiva...
minha cabeça ja não fica fatigué ao final do dia e eu adoro treinar meu francês. cobaias! os guadalupenhos são otimos nessa hora. salvo preferências musicais, par hasard, não tenho nenhum cd do kaoma comigo. como, não? pois é, uma pena... boa noite. boa noite...


quatro dias em paris!
se meu cavaleiro duda-harcore-ernesto estivesse à minha espera na gare de lyon, o mundo seria perfeito.
e minhas borboletas tomariam café au lait na place saint-michel acompanhadas por gatos negros...!

Saturday, May 05, 2007

alors! (atualizado 21h.47min. / horário francês)

por aqui...
os franceses acabam de eleger nicolas sarkozy para o palais de l'elisée. incroyable... parece q a frança não estava exatamente rachada ao meio. 53.1% à droit, 46.9% à gauche... tiens, um pays de droit! buf...

por aí...
estreando no condomínio verbeat: atmosfera - o que o vento traz. clima, temperatura, sensações térmicas, previsões, angústias... enfim, meteorologia íntima, particular e heterodoxa de tout le monde...!

p.s. inclui a ville de clermont-ferrand...!

Tuesday, May 01, 2007

uma mulher tem que ter qualquer coisa além da beleza, qualquer coisa de triste, qualquer coisa que chora, qualquer coisa que sente saudade…

no campo a gente entra pra dentro da gente mesmo. vai pra cidade… pra passear. lê muito. escreve outro tanto. escreve manuscritamente, majoritariamente. exercitando impressão e concisão para consumo íntimo. e segue ouvindo toquinho e vinicius – a propósito de adequar, como encanto, um título pour moi…

a biblioteca da faculdade tem excelentes opções para acompanhar meu mate em dias chuvosos e de preguiça (hoje!). entrei na seção literária e voltei à ser pequena. qual escolher?! sensação boa. eu adorava isso. lembrança doce.

fiquei com albert camus, em sério e no original (foram 23 bravas páginas pela tarde), mas estou também com pascal quignard (tous les matins de monde, sem compromisso), e voltaire (tento as ‘pazes’. mandei ‘cândido’ à merda essa semana. não pelo idioma. circunstâncias da vida.); marquei com maussapant, namorei ismaïl kadaré, peguei fernando pessoa, só por curiosidade… pessoa é a alma portuguesa.

à propósito do idioma materno, li sergio faraco e claudio moreno hoje. adoro a língua portuguesa. bem escrita faz meu deleite. e grande parte do meu talento pra solidão.

bueno, agora tenho um rádio. apenas nouvelles. os franceses tem obsessão por previsões meteorológicas…! a notícia do dia: le penn convoca seus eleitores a "s'abstenir massivement". a frança está cindida ao meio, considerando margens de erro, literalmente. comentário no le monde um dia após a votação do primeiro turno: "tiens, un pays de droit!". metade da « frança » sente vergonha disso… mas as urnas parecem sintomaticamente incômodas de outra metade que deseja a frança para os franceses.

Friday, April 27, 2007

inbox - recomendo, enquanto escuto vinicius e toquinho, e tenho saudade do meu país


Queridos amigos
Neste domingo, dia 29 de abril de 2007, na TV Cultura de São Paulo [e suas filiadas por todo o país], às 23h., será a estréia de UM CORPO SUBTERRÂNEO.

Caso vocês fiquem em casa no domingo [e não seja tarde para assistir a um documentário], creio que seja um ótimo programa.

Grande abraço: Douglas

--
douglas machado

Tuesday, April 24, 2007

il y a beaucoup à dire à propos d'ici... ( * )

mas me apetece falar sobre a leitura q inicio... com o afinco da solidão... conclui "um rio chamado tempo, uma casa chamada terra", de mia couto, e inicio chico buarque do brasil. com certo pesar, é verdade. pq é o segundo e derradeiro (ambos presentes do meu chéri amour!!! merci, mon chevalier!) livro q trago comigo em português.

ontem à noite, comecei, mansamente, a ler os ensaios sobre chico. leio sem pressa. como a degustar os olhos de mar... (afinal chico é meu homem ideal. junto com vitor ramil. ambos depois do meu cavaleiro, evidentemente...).
pq eu não gosto do fischer (o proprio, luiz augusto), começo por ele. bela surpresa. belo ensaio. sobre iracema de chico, alinhavando josé de alencar, claro (o pai de todas as iracemas...!), adoniram barbosa, sousândrade, olavo bilac, caetano e, por fim, chico. a miscelânea parece assustadora. mas o texto é circular nas idéias. alguns trava-linguas pra meu gosto (literatice...!); enfim, a costura ficou muito muito interessante.

por essas casualidades, o ensaio seguinte era sobre admiração de clarice (a lispector) por chico. pérolas. delicioso. clarice era escritora autêntica de oficio. gosto ainda mais dessa mulher.

( * )continuo com problemas em acentuar agudamente "a", "i", "o" e "u". teclado francês...

Thursday, April 19, 2007

premier jour 17 avril 2007

hoje foi meu primeiro dia em clermont-ferrand… depois da epopéia da chegada, o dia foi tranquilo. escrevo do meu quarto, onde tenho banheiro, cama, « parteleiras », uma mesa para estudo e uma cadeira.
da janela agora vejo lempdes (a cidade mais próxima) anoitecer. je suis fatiguée… il n'y a pas des « subtitles » pour personnes… foi cansativo o esforço para compreender qualquer palavra dirigida a mim durante o dia. e responder ainda… ganhei elogios (soy contenta !!!). mas gostaria de saber quanto tempo para passar essa sensação e o cansaço.

minha viagem de bruxelas à clermont foi um capítulo à parte; tal como minha chegada. belas paisagens, longas paradas no meio do nada e quase 100 páginas de mia couto depois, desembarco na confusa gare de lyon com mais de duas horas de atraso. perdida a conexão, no meio de trens atrasados, um atropelo de gentes, bagagens, policiais, dois objetivos : comprar o bilhete para o próximo trem à clermont e um cartão telefônico para ligar para annabel que me aguardava na gare de clermont… primeiro objetivo alcançado com sucesso e tranquilidade! o segundo… ficou pra história…

em lyon, um passa pra cá e pra lá de gente... os policiais levam um suspeito. nada, a não ser pela cara de árabe…

embarco no trem 20h. um par de páginas de mia couto e um sonhinho. desembarco 23h em clermont. ninguém me espera na gare. princípio de pânico. um saïd vem a título de ajudar-me, perguntando sobre meu destino (coisa que se faça com uma estrangeira perdida e sozinha....). apresso-me em decisões. sem ônibus ou trem no horário, taxi: 20 euros. saïd propõe ficar no hotel em frente onde está hospedado. merci beacoup…. « vou de táxi… ».

chego em enita, graças aos deuses da boa vagabundagem estudantil, os vizinhos tomam cerveja a jogam cartas. meu nome fixado em uma lista com o número do quarto reservado facilita. eles telefonam para alguém que prontamente traz minha chave. a meia noite estávamos instalados, moi e 30 kg de bagagem em meu novo temporário lar…

aparte n°1. antes da epopéia foram dias em número 10, em sensações de uma vida, descobrindo quatro novas cidades e dois novos países. de novas bebidas, pratos, cheiros, idiomas, o que guardo por mais valor é a companhia do meu cavaleiro, seu sorriso ao mostrar e explicar-me as « novidades » do velho mundo.

aparte n°2. mia couto é mágico.

Monday, April 02, 2007

de partida

retomo escritos desde o lado de lá do atlântico em momento oportuno.
sem estardalhaços de existir, me ocupo agora de minhas irmãs, papá e mamá, minha vó, o pequeno antônio, minhas boas e pouco numerosas amizades, e meu querido cavaleiro eduardo charmant ernesto filippi...

à bientôt!

Saturday, February 03, 2007

exílio premeditado

caetano canta if you hold a stone, holding in your hands, if you feel the way, you'll never be late, to understand...

vou embora. 3 anos.
antecipo a saudade. choro a ausência com data marcada do meu cavaleiro.
e penso nas providências práticas em idioma equivocado.

Thursday, January 11, 2007

concluindo...

minha dissertação [ !!!! ]
escuto os the beatles [ !!!! ]
até almoçei hoje [ ?!!! ]
e estou apaixonada [ !!!! ]

é
a glória [ !!!! ]
e 'wait' é meu oráculo...!!!

It’s been a long time, now I’m coming back home,
I’ve been away now, oh how I’ve been alone,
Wait till I come back to your side,
We’ll forget the tears we cried.
But if your heart breaks, don’t wait, turn me away,
And if your heart’s strong, hold on, I won’t delay,
Wait till I come back to your side,
We’ll forget the tears we cried.
I feel as though you ought to know
That I’ve been good, as good as I can be,
And if you do, I’ll trust in you,
And know that you will wait for me.
It’s been a long time, now I’m coming back home,
I’ve been away now, oh how I’ve been alone,
Wait till I come back to your side,
We’ll forget the tears we cried.
I feel as though you ought to know
That I’ve been good, as good as I can be,
And if you do, I’ll trust in you,
And know that you will wait for me.
But if your heart breaks, don’t wait, turn me away,
And if your heart’s strong, hold on, I won’t delay,
Wait till I come back to your side,
We’ll forget the tears we cried.
It’s been a long time, now I’m coming back home,
I’ve been away now, oh how I’ve been alone