Thursday, December 06, 2007

“Officiellement mon cher Pimenta, tu n’as rien vu”, disse-me Agache após ter feito passar ante meus olhos todos os desenhos, projectos, perspectivas e maquettes, de cujo emmaranhado surge, pouco a pouco, a visão maravilhosa do Rio de Janeiro de amanhã.

Indubitavelmente o plano geral de transformação e desenvolvimento de nossa cidade (...) constituirá um forte e nobre élo entre a geração de hoje e as gerações vindouras, encadeando os sentimentos da nacionalidade, desenvolvendo a consciencia social do povo, fortalecendo enfim a alma brasileira.
Indiscutivel, (...) facil e prever o alento novo que aqui receberá a raça e as fortes e elevadas affirmações de valor que aqui ella dará.

A confiança que o povo brasileiro tem no porvir não nasce portanto da fantasia ou do sentimentalismo senão que se alicerça na razão, nos factos, nos ensinamentos da Historia, na analyse do passado.


um único e solitário neurônio dá conta. algo não saiu conforme o planejado. com o rio de janeiro e com o alento novo, alicerçado na razão, no ensinamento dos fatos e da história e na análise do passado.

essa é a edição do dia 10 de novembro de 1928 da revista, que revolucionou o conceito de revista no brasil, capiteaneada pelo enlouquecido, visionário e tirano: assis chateubriand.
fora o português sáurico que já é um achado (porvir, por exemplo, é uma palavra morta, o que é uma pena, porque é muito útil; já emmaranhado com dois 'emes' é uma tranqueira), no mesmo número, a Éra das Forças Hydraulicas é uma crônica de onde estaríamos nos anos 2000. ler 80 anos retrospectivamente não deixa de ser interessante. especulações sobre a matriz energética, e alguns respingos na organização social. desigual ainda, mas a fome teria sido extinta nos anos 2000.

eu tinha certeza de que viveríamos como os jetsons. pille, exatamente na virada. claro, passar roupa seria atirar camisas dentro de uma máquina... mas isso é do tempo que um aparelho de fac-símilie era do tamanho de uma geladeira e a humanidade era otimista.
algo deu errado, não resisto à idéia de que viemos parar dentro dum filme de jacques tati. mon oncle, claro.

2 comments:

larissa bueno ambrosini said...

a 'era das força hydraulicas'...
me ocorreu agora, a modernidade ja era liquida ha oitenta anos...

Roger Jones said...

que legal !
um texto com a palavra "indubitavelmente".

:)