Monday, December 25, 2006

feliz tudo

boas festas, amigos.
q em 2007 sejamos felizes. simplesmente.

Tuesday, December 12, 2006

Magna civitas, magna solitudo

Melhor seria vender doces no parque. O dia está bonito, e todos vão ao parque quando o dia está bonito. Podem comprar meus doces. Mas hoje é domingo, e eu não quero trabalhar. Também não quero ficar em casa. Isabel levou as crianças à igreja. Eu não gosto de igreja. Meu cigarro acabou.

Tem futebol mais tarde. O negro Júlio já está marcando o ritmo da torcida no buteco. Cerveja gelada, samba e cheiro de churrasquinho às onze da manhã. Eles riem, bebem e falam alto. Regina, a vizinha da frente, fuma um cigarro num canto. O marido dela não gosta que ela fume. Isabel odeia que eu compre cigarros. Não é pelo cheiro. Júlio tem um sorriso imenso e toca um surdo gigantesco. Olhando parece fácil lidar com aquele trambolho feliz. Nunca tive habilidade com música.

Os outros comentam a escalação do time e a burrice do técnico, o chefe que lhes aporrinha toda semana, o filho do Zé que se meteu com o Nequinho da boca de fumo. Tudo em tom de noticiário. São assuntos. Eu não gosto de futebol, não tenho chefe e meus filhos têm juízo demais. Eles falam demais, riem demais. Não têm nada que converse comigo. Menos o Júlio. Ele conversa com o surdo.

Samba, cerveja e churrasquinho. Acendo meu cigarro, mas não dá pra tragar com essa bagunça. Não sei se é o sol, a música ou as risadas. Vou à missa, encontrar Isabel.