Monday, December 25, 2006

feliz tudo

boas festas, amigos.
q em 2007 sejamos felizes. simplesmente.

Tuesday, December 12, 2006

Magna civitas, magna solitudo

Melhor seria vender doces no parque. O dia está bonito, e todos vão ao parque quando o dia está bonito. Podem comprar meus doces. Mas hoje é domingo, e eu não quero trabalhar. Também não quero ficar em casa. Isabel levou as crianças à igreja. Eu não gosto de igreja. Meu cigarro acabou.

Tem futebol mais tarde. O negro Júlio já está marcando o ritmo da torcida no buteco. Cerveja gelada, samba e cheiro de churrasquinho às onze da manhã. Eles riem, bebem e falam alto. Regina, a vizinha da frente, fuma um cigarro num canto. O marido dela não gosta que ela fume. Isabel odeia que eu compre cigarros. Não é pelo cheiro. Júlio tem um sorriso imenso e toca um surdo gigantesco. Olhando parece fácil lidar com aquele trambolho feliz. Nunca tive habilidade com música.

Os outros comentam a escalação do time e a burrice do técnico, o chefe que lhes aporrinha toda semana, o filho do Zé que se meteu com o Nequinho da boca de fumo. Tudo em tom de noticiário. São assuntos. Eu não gosto de futebol, não tenho chefe e meus filhos têm juízo demais. Eles falam demais, riem demais. Não têm nada que converse comigo. Menos o Júlio. Ele conversa com o surdo.

Samba, cerveja e churrasquinho. Acendo meu cigarro, mas não dá pra tragar com essa bagunça. Não sei se é o sol, a música ou as risadas. Vou à missa, encontrar Isabel.

Monday, November 27, 2006

distocia

os homens dizem tanto.
cedo.
eu não entendo
cedo,
eu digo tanto.
mas tenho palavras
q dançam por dentro,
cinzas.

Tuesday, November 21, 2006

'cotidiano', ou 'a pedido'

A mesa está posta para o café-da-manhã. Roberto senta-se. Veste terno e pantufas. Carrega o "Púcaro Búlgaro" nas mãos. Durante o trajeto do banheiro até a mesa, Laura o observara com um sorriso no rosto.

O sorriso dela é natural. Demais. Ele toma um gole de suco de laranja, pega o livro. Com licença. E volta para o banheiro. Puxa a tampa do vaso sanitário e senta-se. A toalha está no chão. Ele poderia usá-la mais uma ou duas vezes sem problema. Ela não comentou sobre o livro. Virou a cabeça de lado para ler o título e fez um arco com a sobrancelha. Será que conhece Campos de Carvalho?

Libertar o homem de sua existência utilitária. Subverter a razão e o bom gosto, a família, o trabalho e a honra. Bobagem. Quem quer ser libertado do quê? Será que ela pensa que existe algo além da realidade?

Levanta-se do vaso e olha pela janela. Tranca a porta e volta a sentar-se. Ela tinha um cheiro gostoso e estuda... psicologia, sociologia, matemática? A paisagem é confusa, edifícios, casas de residência, pátios internos com cachorros, crianças, varais, casas de comércio e letreiros, transeuntes e automóveis, ônibus e mulheres. Há quanto tempo estou aqui trancado? Será que ela ainda está aqui? Claro que sim.

Laura havia retirado a louça suja da mesa e fumava na sacada, com as pernas esticadas ao sol. Ele acha engraçado o ‘R’ bordado no roupão que ela usa. Poderia ser Roberto. Ela comenta algo sobre o sol, com o mesmo sorriso. Natural. Ele pede licença, precisa dar alguns telefonemas. Tudo bem? Tranqüilo.

Ele fecha a porta do quarto. Pega a carteira de Parliament na cômoda e risca o fósforo azul. Abre a janela e traga a noite. As manhãs são como tumores. Um risco inerente ao vício. Será que ela está na sacada? Claro que sim.

Eu preciso sair, minha reunião foi antecipada. Ela se ajeita na cadeira. O que quer que eu faça? Espero aqui, ou volto mais tarde? Ele sente-se um idiota. Pode ir. Está bem assim. Ela ergue uma das sobrancelhas. E a grana? Vai querer a metade de volta? Ele dá de ombros. Tudo bem. Eu já lhe disse, está bem assim.

(*) mote: francis rigotto [não, não tem parentesco. aparente, ao menos.]
(**)a pedido da alessandra, ma chère ami.

Friday, November 17, 2006

os gauleses


querido douglas (de barba + óculos) q está fazendo filme-documentário - ó códice e o cinzel - sobre o universo literário do nosso mestre assis brasil... me manda fotos da gravação q fizemos na praça da matriz por esses dias, quase noites...

eu to apostando no faraco! firmente! fora os animais todos q deixaste encantados pelos campos de caçapava!

felipe, o dos caracóis, bernardo, o soridente, vanessa, de rosa-xoque, não provoque, e moi, feliz - abaixo do mau tempo e tudo!

p.s. foto by "namorido da vanessa".
p.p.s. 'namorido' é uma espécie de híbrido q nasce do cruzamento de duas linhagens de uma mesma espécie [namorado+marido].

Thursday, November 09, 2006

descamponeses. ou recomendação. ou... fazendo cortesia com o chapéu alheio....

ah sim. poeminha do mia couto - q havia lido em crônicas e despoemas. para só então ser levada à 'terra sonâmbula', empilhada das melhores recomendações. minha companhia de trens e ônibus em além mar. e claro que eu chorei.
então, algo q vale uma leitura por essas paragens cibernéticas e azuis...

Governado pelos Mortos
(fala com um descamponês)

Mia Couto

Os mortos perderam acesso a Deus. Porque eles mesmo se tornaram deuses. E têm medo de admitir isso. Querem voltar a ser vivos. Só' para poderem pedir a alguém.
– E estes campos, tradicionalmente vossos, foram-vos retirados?
– Foram. Nós só' ficamos com o descampado.
E agora ?
Agora somos descamponeses.
- E bichos, ainda ha' aqui bichos ?
- Agora, aqui, só' ha' inorganismos. Só' mais lá', no mato, e' que ainda abundam.
- Nós ainda ontem vimos flamingos...
- Esses se inflamam no crepúsculo: são os inflamingos.
- E outras aves da região. Pode falar delas ?
- Antes de haver deserto, a avestruz pousava em arvore, voava de galho em flor. Se chamava de arvorestruz. Agora, ha' nomes que eu acho que estão desencostados...
- Caso do beija-flor. E' um nome que deveria ser consertado. A flor e' que levaria o titulo de beija - pássaros. ...

Wednesday, November 08, 2006

arroz e feijão

ainda não faz uma semana que o menu é servido na capital da província boi. e tudo o q eu não temi, e é o único medo q aflige os gauleses da aldeia de asterix, obelix, panoramix, idéiafix... acontece: o mundo está caindo sobre a minha cabeça.

evidentemente q numa hora urgente como essa, não há tempo para escolher as palavras mais adequadas, precisas ou sonoras. poesia? eu colei herberto helder na porta da minha geladeira. e tenho um amor... au revoir.

Sunday, October 29, 2006

a princesa comeu o coração do cavaleiro desde madrid à andaluzia.
e agora faz a digestão tomando um um cafezinho na rue champollion... em paris...

Wednesday, October 11, 2006

sequestro


subvertendo toda lógica. a princesa sequestra seu cavaleiro.
para comer seu coração em terras do além mar.

ela não pretende pronunciar-se sobre esse, ou qualquer outro assunto, nos próximos vinte dias.
muito menos solicitar resgate...

Wednesday, October 04, 2006

Os cabrestos estão esgarçados

em q pese eu estar, absolutamente, sem disposição pra comentar a eleição, por motivos que se resumem à candidaturas vitoriosas de incompetências, de espécies e ofícios sortidos, para funções parlamentares, AD é um alento. um homem q até me faz pensar q a coisa, na república das bananas, ou na província boi, não parece tão osca quanto se apresenta.

com vocês, 'monsieur lucidez':
Os cabrestos estão esgarçados
[Alberto Dines em 2/10/2006]

As primeiras interpretações sugeridas pelos apertados resultados eleitorais de domingo (1/10) têm a ver com a mídia: os grotões entraram para o universo mediático. Passaram a fazer parte das audiências, são sensíveis ao noticiário.

Portanto, é possível imaginar que:

** Os grotões não aprovaram a ausência do candidato Lula no debate na TV Globo;

** Os grotões ficaram impressionados com as fotos da dinheirama do dossiê IstoÉ-Vedoin.

** E, apesar da miséria, os grotões diminuem de tamanho. Se não em termos estatísticos, certamente nas suas percepções sobre o que é certo e errado.

Significa que pobres também se preocupam com corrupção, significa que a questão moral não se circunscreve às "elites" e começa a arrombar os currais. José Sarney que o diga. O homem nunca sofreu tanto para ganhar uma eleição.

As interpretações sobre a derrota do "carlismo" baiano esmagado pelo rolo compressor do petista Jacques Wagner seguem a mesma direção: os currais eleitorais estão sendo tomados de assalto com o apoio do povão – este mesmo povão que uma parcela da esquerda, reacionária e autoritária, imaginava imune às sutilezas políticas.

O mesmo aconteceu no Paraná: Roberto Requião acreditou que a reação da mídia à sua truculência não alcançaria o eleitorado interiorano. Ao longo da campanha não escondeu a certeza de que venceria já no primeiro turno. Vai para o segundo e talvez fique no meio do caminho.

Bordão cansativo
Foi errada a estratégia adotada pelo comando petista no plano nacional de confrontar a imprensa. Os fatos eram gritantes demais para serem descartados ou creditados apenas ao "golpismo" da mídia.

A imprensa não inventou as fotos do dinheiro. A demora da PF em divulgá-las e avançar nas diligências alcançou o Brasil Profundo. Para o povão o crime não compensa. Paulo Maluf voltou a receber uma votação expressiva, mas o eleitor de Maluf não é povão, é a classe media e média-alta que se identifica com o seu empreendedorismo.

A vitória apertada do presidente Lula pode ser entendida como uma derrota do palanquismo palaciano. O povão queria vê-lo ao lado de Alckmin e certamente torceria por ele. Embora o candidato tucano tivesse cometido todos os erros possíveis e imagináveis durante o debate, acertou num único quesito – estava lá.

Nas eleições de 2002, a imprensa sentiu-se observada e de certa forma refletiu os sentimentos dos diferentes segmentos da sociedade em favor do sindicalista bem-vestido, bem-humorado, vendendo esperanças.

Desta vez, Lula passou uma imagem tensa, algo raivosa e, sobretudo, arrogante. Aquele bordão "nunca neste país etc. etc." começou a cansar, não batia com a realidade. Sobretudo porque desta realidade fazia parte o mensalão, os dólares na cueca etc.etc., sempre escamoteados.

Os cabrestos de direita ou esquerda estão esgarçados. Os grotões agora ouvem, matutam, reagem. Não adianta culpar a imprensa e hostilizá-la. Melhor tê-la ao lado. Como da outra vez.

Wednesday, September 27, 2006

fim do tributo masculino público / [...]

se alguém repara, andamos, eu, devagar nesse terreno. sem previsão de retomadas escandalosas, menos ainda, periódicas. achando qualquer coisa q valha socializações, se posta. a ciência me demanda um tanto. ando digerindo infinitamente. vagamente, mas especificamente. janto tortéi com meu cavaleiro. pq amor dá fome... e não sei quando retorno a esse planeta. rezo o terço dos insanos seis vezes em oração única. e antes de durmir. caminho de mãos dadas. vou à cavalo. e deus nos recebe.

Wednesday, September 20, 2006

johannes dahlmann*

*mote: 'o sul', jorge luis borges
[com o perdão da heresia:]

Isso a que chamam atavismo, livrei-me. Escolhi. O que distingue, verdadeiramente, o homem é a faculdade do livre-arbítrio. Um homem não é um acidente de seu destino, é um acidente de sua escolha. A morte clareia as idéias sobre a vida. Estou a morrer sem ressalvas. Tenho um corte nas vísceras, como uma solução de continuidade da minha existência. E registro.

Na vida o homem é consciente de suas linhagens para gostar de ruminá-las ou não. Eu nasci germânico e espanhol no meio de uma província rural. Poderia me convir a religiosidade e temperança de alma do meu avô Dahlmann, mas de melhor senso estético, julguei as heranças de Francisco Flores, pai de minha mãe, morto lanceado pelos índios de Catriel.

A vida desse meu avô hispânico era um épico militar, desde que se juntou à tropa do 2º. Batalhão de Infantaria de Linha. Ainda moço, mas, contam, com bigode de homem. Inteirava-se pouco dos particulares domésticos. Passava em campanha, cuidando de inaugurar batalhas, dado seu posto em tropa.
Quando eu era guri, me chamava de ‘Senhor Dahlmann’, enquanto tomava um mate que cozinhava minha língua miúda, e ouvia o que era do gado da estância pela peonada no galpão. Depois ele mesmo encilhava a égua, baia ruana, boa de boca, aprumo e temperamento, e saia recorrer a gadaria. Uns dias mais, ele juntava as encilhas e voltava pra campanha.

Eu mantive a estância no sul, aquela de meu avô Flores, a custo de sacrifícios. O trabalho na biblioteca, sendo mui meticuloso, não permite grandes ausências.

Há vinte dias, pensei, equivocadamente, que morria. Restabeleci-me. Fui para o sul, passar temporada.

Ruminei Francisco Flores a vida toda, até que aquele índio no canto do bolicho, sentado nos calcanhares, me alcançasse sua adaga. Fui provocado. Estava desarmado. O índio não disse palavra. Seu olhar me cobrou a linhagem.

Friday, September 15, 2006

sergio leone

surreal. o anterior inaugura uma série de posts [2...!?] com nomes de homens, como título. ainda q o homem q mais me interesse, não figure nominalmente nesse veículo... isso não é 'caras', afinal de contas...

cinema. é a segunda vez preciso recomendar um western. ambos, sergio leone.
da primeira, 'era uma vez no oeste'. um acaso bom, gentilmente proporcionado pela madrugada da 'tv2-guaíba'. dessa vez, 'the good, the bad and the ugly', na tradução 'três homens em conflito', premeditado em conjunto com meu cavaleiro hardcore - pero fidalgo.

da primeira vez, escrevi timidamente. mas vejo q não estava tão longe do pé assim...

planos abertos, típico de faroeste. panorâmicas contra-pontuadas com super closep-ups, os olhos de henri fonda e charles bronson. dessa vez são os olhos de clint eastwood. lindíssimo.



uma música tão tristemente tragicamente dramaticamente assim pungente, q morte não é coisa corriqueira. mesmo em um faroeste, e mais ainda, tendo charles bronson atrás do gatilho. nada disso. a música de 'três homens' é exata. e a edição é sutil. perfeita. se, se morre no mundo de marlboro de sergio leone, morte é grave. guerra, abominada.

carga dramática operística pontuada com muita, mas muita classe, pelo olhar glacial de bronson. de arrepiar. o motivo se nos apresenta ao final.
meu cavaleiro leu pra mim:
os 'três homens' é de 1966, dois anos antes de 'era uma vez...'. a comparação com ópera... confere [!].

como eu havia dito. enfim...
trágico é
'the good, the bad and the ugly'. clint eastwood, eli wallach e lee van cleef. em circunstância.
R E C O M E N D O. agora em caixa alta. como deve ser.

Tuesday, September 12, 2006

atílio bergamini

me interrompo de afazeres porque acabo de ler algo que me interessou. muito. uma delicadeza. de um colega ‘oficineiro’. não q ler coisas q me interessem seja raro. pelo contrário, leio até bula de remédio. lista telefônica, acho chato. interações medicamentosas e farmacodinâmicas são divertidas.

percebo q a ressonância do texto me agrada mais agora, q sempre. teve tempo em q eu adorava os românticos malditos. eu sangrava também. queria escarlate. literariamente falando, sem nenhuma chancela, a não ser a de leitora, já me toca menos. sim, detesto parnasianismos sem intencionalidade. eu não acredito, simplesmente. literatura é provocação.

serve bem pingar tudo de sangue pra nos expiar a quem sofre. igual chorar. mas já acho o resultado, do texto, não do pranto, sofrível, evidente demais. coisa pra leitor preguiçoso. um leitor atento percebe cada palavra. e confere ao silêncio o mundo inteiro. o q não está dito ressoa na concisão.

enquanto eu... escuto dylan, q sangra fininho... trilha musical da minha última mudança. larguei o tarô, tirei ‘o louco’ outra vez. está, assim, bem arrematado. ‘o cavaleiro’ e ‘o louco’.
pela manhã, saio escorrendo herberto helder. tenho um pouco de medo. e quero tudo.

Tuesday, September 05, 2006

das estrelas, monitoramos vermes

notícia abominável no obs. não é novinha em folha, a notícia. é nova aquisição da rbs. nova de uma semana, a notícia. a aquisição vem acompanhada de editorias mais enxutas, estilo agressivo e tal. mais gente desempregada. a notícia vem acompanhada de 'comentários' e 'pontos de vista', de praxe, sobre os riscos do monopólio. da imprensa, temeridade.

me abstenho. com ênclise mesmo, ânsia, quase fúria e desânimo.

Wednesday, August 30, 2006

sobre estrogênio... ou soterreda dele

nem me interessa quem chegou antes.
ovo ou serpente.
corações no menu...
baseada no dia,
'eu visito estrelas'.

Tuesday, August 29, 2006

sem título, nem revisão... ou [...]4

eu queria escrever uma história. mas ela já foi escrita por tchekov.
fico puta com meus hormônios. já falei q queria ter nascido homem em algum momento. mas isso foi antes. hoje até aprecio.

não sei se o trânsito da lua, meu ciclo mensal, ou vênus fazendo pilhéria de moi. a merda do tarô me dá um ‘cavaleiro de ouro’. gosto. e desassossego.
não sou esotérica, sou pontual. tirei tarô apenas uma vez antes. deu 'o louco'.

as pessoas se ocupam com coisas q não me interessam. meu parquet estala, a água do mate ferve, as respostas esperam ser tabuladas, e minha conta bancária é um caos sujeitíssima a um big bang com data marcada. e, ainda, nascer com hormônios...

Sunday, August 27, 2006

[...]3

sonhei como se esse blog contivesse esquinas concretas. seria fato. se esquinas fossem construções. esquinas são desconstruções. foi sonho.


o verso eleito para findar essa elegia a cummings e culminar com o cheiro quente do meu cavaleiro hardcore seria, para hoje, helder... “E o marfim amadurece na terra
como uma constelação”.

Thursday, August 24, 2006

[...]2

on the road. assim se pasam los dias. tudo muito milonga. gostaria de estar mais exportável. ficamos pelos pagos, por enquanto. às vezes by bus, no mais, by car. dessa vez entrei em uma cidade nova. e encontram-se coisas como essas, na terra do teixeirinha, sim senhor. é uma rodoviária... fidalga, digamos assim...



escuto vitor ramil, não milongas. tambong. ‘a ilusão da casa’ é uma canção perfeita. mas gosto mais de ‘o velho leon e natália em coyoacán’. a vida é assim mesmo.

oficina recomeça. os guris são ímpares!
sempre tive amigas em qualidade e amigos em quantidade. qualidade xy também, claro. gurias, no plural, sempre querem provar coisas. nunca tive saco pra cumplicidade dessas 'coisas'. sou double x a flor da pele. mas, desde a infância, nunca quis o papel. sou, mas nunca desejei. as gurias, no singular, são graciosas. sou o inexorável, mas descartei a personagem.

jantar com maquiné e bia. análise de traumas infantis quase idênticos...!
minha mãe acha q eu devia mudar de profissão... entretanto, sou reticente com os psi. a vida é assim mesmo.

meu cavaleiro está a um oceano daqui, e ao meu lado. ele levou o cheiro dos meus cabelos. fiquei com a textura dos seus continentes. minha roupa de cama limpa é uma tristeza q se acaba no domingo.

"só uma parte de mim compreende que a
voz dos teus olhos é mais profunda que todas as rosas"
e.e.cummings, again.

Friday, August 18, 2006

gente é de carne, osso, sal de lágrima e sangue de menstruação. sem essa cara de desentendido, por favor. agora mesmo assisti um guaipeca caçar e trinchar uma pomba na frente da prefeitura. instinto primeiro. carnaval. diria jards macallé. ainda outros fluidos. destilamos ácido clorídrico em malandro até uma da madrugada. estrogênio, chá de canela, nicotina, e risadas via embratel. porque a vida tem cabos também. na medida do necessário. apenas.

gente tem cheiro
"cuja textura
compele-me com a cor de seus continentes,
restituindo a morte e o sempre cada vez que respira"
e.e.cummings continua me roubando as sensações.

Wednesday, August 16, 2006

[...]

elipses um pouco. vagabundagem um muito.
problemas operacionais, o resto.
preciso escrever. mais e melhor. talvez menos elipticamente. talvez mais concretamente. menos diariamente, certamente.

passa q ando sem máquina. com inspiração. talvez receie. puta desculpa de merda. minha geladeira vai ganhar herberto helder. pra fazer companhia à cavalaria e mostrar com todas as letras q se escreve tudo forte.

nasi escreveu sobre ilhas e trocas. escrevi a ele sobre trobiand e polanyi. foi um pouco confuso. mas foi. gostei do resto. exceção olímpica: david coimbra; não dá, cara!

e com essa chuva o que?
papai do céu boicotando minhas atividades domésticas... vamos fazer amor. sujar melhor os lençóis. tomar chá da tarde com Ele, e lhe falar pessoalmente q 'assim não dá'!

Tuesday, August 15, 2006

amanheço devagar, mas cheia de deuses hoje.
saindo de casa, na farmácia: chronos. deus do tempo, negrinho.
vênus, na música. punk old school, segundo meu media player. velvet underground, simplesmente é suficiente.
sutilezas de exprimir sensações em poesias alheias... com afrodite me lisongeia.

parnasiano? não, odeio o vaso chinês.
meus deuses vêm, todos, 'de a cavalo'!

Thursday, August 10, 2006

eu pensava que sempre-vivas eram mortas. as minhas, ocres, casaram com um cactus antigo. se recolhem todas as noites para fazer amor na janela da cozinha. e demoram a acordar o dia.

"questão de ternura e precisão". o dia é presente. a noite, sempre.

Friday, July 28, 2006

(a carta da paixão) *

Esta mão que escreve a ardente melancolia
da idade
é a mesma que se move entre as nascenças da cabeça,
que à imagem do mundo aberta de têmpora
a têmpora
ateia a sumptuosidade do coração. A demência lavra
a sua queimadura desde os seus recessos negros
onde se formam
as estações até ao cimo,
nas sedas que se escoam com a largura
fluvial
da luz e a espuma, ou da noite e as nebulosas
e o silêncio todo branco.
Os dedos.
A montanha desloca-se sobre o coração que se alumia: a língua
alumia-se: O mel escurece dentro da veia
jugular talhando
a garganta. Nesta mão que escreve afunda-se
a lua, e de alto a baixo, em tuas grutas
obscuras, essa lua
tece as ramas de um sangue mais salgado
e profundo. E o marfim amadurece na terra
como uma constelação. O dia leva-o, a noite
traz para junto da cabeça: essa raiz de osso
vivo. A idade que escrevo
escreve-se
num braço fincado em ti, uma veia
dentro
da tua árvore. Ou um filão ardido de ponto a ponta
da figura cavada
no espelho. Ou ainda a fenda
na fronte por onde começa a estrela animal.
Queima-te a espaçosa
desarrumação das imagens. E trabalha em ti
o suspiro do sangue curvo, um alimento
violento cheio
da luz entrançada na terra. As mãos carregam a força
desde a raiz
dos braços a força
manobra os dedos ao escrever da idade, uma labareda
fechada, a límpida
ferida que me atravessa desde essa tua leveza
sombria como uma dança até
ao poder com que te toco. A mudança. Nenhuma
estação é lenta quando te acrescentas na desordem, nenhum
astro
é tao feroz agarrando toda a cama. Os poros
do teu vestido.
As palavras que escrevo correndo
entre a limalha. A tua boca como um buraco luminoso,
arterial.
E o grande lugar anatómico em que pulsas como um lençol lavrado.
A paixão é voraz, o silêncio
alimenta-se
fixamente de mel envenenado. E eu escrevo-te
toda
no cometa que te envolve as ancas como um beijo.
Os dias côncavos, os quartos alagados, as noites que crescem
nos quartos.
É de ouro a paisagem que nasce: eu torço-a
entre os braços. E há roupas vivas, o imóvel
relâmpago das frutas. O incêndio atrás das noites corta
pelo meio
o abraço da nossa morte. Os fulcros das caras
um pouco loucas
engolfadas, entre as mãos sumptuosas.
A doçura mata.
A luz salta às golfadas.
A terra é alta.
Tu és o nó de sangue que me sufoca.
Dormes na minha insónia como o aroma entre os tendões
da madeira fria. És uma faca cravada na minha
vida secreta. E como estrelas
duplas
consanguíneas, luzimos de um para o outro
nas trevas.

* Herberto Helder, 1995.

[ absoluta falta de tempo.
entre o concreto e o simbólico, o saguíneo e o incêndio, me deleita à morte herberto helder.
e.e. cummings escreveu meus versos (quase) preferidos. ]

Friday, July 21, 2006

" [...] ninguém
nem mesmo a chuva
tem mãos tão pequenas."

e.e.cummings

Tuesday, July 18, 2006

Eu entrei, não porque gostasse do lugar, nem pela comida, não porque eu conhecesse o dono, nem seu único cliente. Triste estar vazio. Mas seria absurdo que estivesse cheio.

Tomar algo era uma distração que me serviria de momento. O rádio tocava músicas com temas amorosos. Terrível. Algumas canções eu conhecia, mas não fazia questão. A sintonia era péssima, chovia dentro do rádio. Quando Nelson Gonçalves cantou “Boneca, noturna / Que gosta de lua / Que é fã das estrelas / Que adora o luar”, desejei uma noite de sol para lhe ouvir. Depois, que chovesse, que caísse neve e temporal. E choveu. Do rádio chovia, chovia nas ignominiosas canções de amor, na chamada esportiva, no boletim meteorológico, no plantão policial que iniciava às três da madrugada, na medonha seleção musical dos ouvintes...

Olhei para o meu copo. Já havia me distraído o suficiente. Juntei minhas pernas e saí. Lá fora, amanhecia.

Wednesday, July 12, 2006

c'est la vie. e é bom!

no sarau, guimarães rosa. tudo. fischer, buf.
mensagem do além. tem gente q ressuscita.
outras se matam. eu, de sono.
música!

almoço legal.
tricô pela web. agulhas número 7.
na vida real, roupa individual.
carreiras sem arremate e casas próximas!

adoro me mudar.
só depois.
odeio encaixotar minhas coisas frágeis.

não, não é poesia. nem homeopatia.
c'est la vie.
sinteticamente.

Thursday, July 06, 2006

j'adore

desde ontem
me diz pela manhã:

'Minha intimidade se cobrirá com o teu gosto.'

ele me anoitece
hoje
absoluta
e infinita
período mensal,
visceral.
sanguíneo.
triiim na madrugada.
nasci de água e sal,
essa manhã.
desde ontem.

Sunday, July 02, 2006

sortimentos

mistérios gozosos são os mistérios da alegria, do terço – ou seria do rosário? o primeiro é a anunciação do nascimento de jesus à maria, pelo arcanjo gabriel. os demais, je ne me rapelle pas. catequese, nada?
ok, aconteceu há anos luz, e, por exemplo, a única coisa da catequese que a minha irmã mais nova se lembra é de q adultério é pecado. eu me lembro q me sentia o último dos indivíduos quando me confessava. sacrifício necessário e requerido para descobrir afinal, qual era o gosto da hóstia.
prematuramente, no entanto, descobri q a hóstia era idêntica a uma parte do torrone – à parte externa, lógico. resultado: me desinteressei da hóstia.
nesse mesmo período descobri o q foi a inquisição e li ‘as brumas de avalon’ – quem não leu? resultado: me desinteressei da igreja.

p.s. existem outras classes de mistérios na religião católica apostólica e romana: os mistérios da dor, por exemplo, os da luz. mas nenhum tem essa sonoridade quase simbolista: ‘mistérios gozosos’... e cada um, afinal, q goze como lhe aprouver.

p.p.s. a leitura do referido livro – as brumas, na minha irmã gêmea causou outra sorte de marca indelével, além, é claro de uma ojeriza pronunciada - aos quatro ventos por ela - à igreja católica apostólica e romana. seu ‘modelo de homem ideal’ – redundando mesmo e de propósito – tornou-se: uther, o pendragon.

outras solicitações [úteis?]:
sahlins é um antropólogo. trabalha com antropologia econômica - isso existe. parafraseando keynes, diz q, a longo prazo, todos estaremos é... *errados*.

ercília é uma das cidades do reino de kublai khan, descritas pelo [embusteiro - mas adorável] marco polo, em 'cidades invisíveis' - italo calvino. em ercília as pessoas teciam fios entre as casas, materializando relações de trabalho, de amizade, de amor etc etc. evidentemente q as relações são dinâmicas e daí pra coisa virar uma 'nozeira' não precisa muito tempo. quando acontece, eles cortam os fios abandonam a cidade e recomeçam em outro lugar. das 'invisíveis', é minha preferida.


sobre copa do mundo, nada. a não ser:
. meu comentarista particular - q é mais sabido - muuuito, mas muuuito mais - q todos os 'óbvios' da equipe da tv globo juntos - aposta na alemanha.
. eu, sou felipão+figo futebol clube.

Wednesday, June 28, 2006

oui, je suis vétérinaire. mas tudo tem limite!

agora a minha vizinha me chama de doutora, porque descobriu que sou veterinária. nem adianta explicar q eu ainda nem terminei o mestrado. bem, se a faz feliz. ao menos, pra meu alívio, o único cão que existe no edifício é pra lá de bem cuidado, fofo até mais não poder. resumindo: a probabilidade de solicitarem meus préstimos médicos é quase igual a nenhuma.

quando isso acontece, duas opções: consultar o menu sortido em busca das pastas que atendem pelas rubricas: etiologia, semiologia clínica, sintomatologia e farmacopéia, bem guardadas em algum arquivo moribundo – pode-se complementar sem medo de errar: em fase terminal - do meu cérebro; ou simplesmente recomendar uma consulta ao veterinário. mas tu não é veterinária?

sim...
não é elementar explicar que a disciplina chamada ‘medicina de cães e gatos’, um martírio de 12 créditos no oitavo semestre, foi comparável a uma tortura chinesa com requintes de crueldade, exceto pelos 4 créditos de cirurgia

mas o q se aprende em um ano de plantão no hospital veterinário? milhares de coisas. das mais úteis, pode-se destacar: assar um churrasco decentemente sem qualquer auxílio do macharedo – exceto na hora do ‘ataque’, à comida, bem claro; pedir truco no testa – e levar! com um seis de paus na mão; vetar sem apelação ‘mortandela’ [sic] e ‘fantasia’ da lista comunitária do supermercado, etc. etc.

por partes: primordialmente, em um grupo de 10, minhas funções básicas no plantão eram: cozinhar, levar os cachorros pra passear – de preferência os são bernardos e afins. pinchter, nem me viu; e participar dos atendimentos cirúrgicos de qualquer natureza, em qualquer horário.

veterinariamente falando, inclua lavagens intestinais em cavalos com cólica – por que entopem os cavalos com milho, eu não consigo atribuir a outro q não seja estupidez; cesarianas em vacas ‘trancadas’ – por que cobrem vacas minúsculas com touros imensos é outro dos mistérios gozosos; ser ama seca de terneiro – e descobrir q eles precisam mamar nos meus dedos, porque a criança nasce inapelavelmente com o reflexo da sucção. tudo bom...

mas esses atendimentos não faziam parte da casuística cotidiana, visto q moramos na capital da província. às vezes chegava uma cabra ou uma vaca dentro de uma kombi, mas, convenhamos, quantas vezes tu emparelhou na sinaleira com um ruminante enfermo? portanto, a menos q tu tenha uma vaca prenhe em casa, esqueça.

Monday, June 26, 2006

sobre títulos e patentes

não aspiro a generala.
não tenho controle por função,
nem vocação.

quero ser dama.
que resume melhor o tabuleiro,
inteiro.

exceto a cavalaria.
porque reis também não me interessam.

Friday, June 23, 2006

daqui dois dias, 25.
eu, 29.
rumo aos 'trinta gloriosos'.

é só um número, mas o mestre promete planícies. não cheguei lá ainda, fiquei num altiplano meio particularmente maduro. tomara que não apodreça.

maduro tem enzimas, não em excesso. e drosófilas, só de vez em quando.

Monday, June 19, 2006

não 82

jorge furtado desconcertante. o falso picasso falso não é nada. o nó górdio é: 'jornalismo: faça você mesmo'. por isso q eu digo: não, não digo. me abstenho

sent mail público do giba, pra variar, é ótimo.
não me publica com título equivocado. equívoco meu: corretamente seria 'não, eu não sou merino, não'.

não me publica com ilustração equivocada. equívoco não meu: corretamente seria a marginália nicotinenta de duss... my brain!



mas, importante na vida é jogo de futebol na tv e chá de hortelã, st. james e chocolate, gotas de minas e carlton azul... o cavaleiro é existente, a pata do rebanho é rock'n'roll, o cheiro é de luxúria, amor, e o gosto causa dependência, porque não existem níveis seguros para consumo destas substâncias.

Thursday, June 15, 2006

moi + raymond qeneau

Ele chegou à porta, ligou a lanterna e deu um suspiro. O cachorro levantou as orelhas, nada. Ele fechou a porta. Ela estava na cozinha, que não era dela, preparando um abacate com ingredientes e talheres que não eram dela, dona da mobilidade e do silêncio, as coisas dela na casa.

Cedo ela teve uma intuição: se comprasse James Joyce, jamais ganharia o Cervantes. Ela levava esse assunto de livros muito a sério. Lembrou-se da vez em que ganhou Lorca. Catastrófico. “Olhos nos olhos”... James Joyce, sem dúvida.

Preparou duas tigelas para o abacate, pingou limão e levou pra ele. Doce demais.

O cachorro latiu de novo. Ele abriu a porta, ela foi pra rua, acariciou o animal, que lhe ofereceu a barriga. Ele nem ligou a lanterna. O cão revelou-se indigno de sua raça.

Acabaram a noite sem muitas surpresas. Ele foi deitar-se ao lado dela. A TV, na sala deserta e escura, transmitia para as moscas os funerais da princesa; ele entretanto, apenas agonizava. Deixara a TV ligada de propósito. Ela dormia na cama, que não era dela, com lençóis e travesseiros, que não eram dela, agora dona, apenas, do silêncio.

Quando acordaram de manhã, a TV seguia ligada. O governador, nesse dia, baixou um decreto instituindo uma nova condecoração. Ele achou ridículo. Ela sorriu e disse bom dia.

Wednesday, May 24, 2006

"eduardo ernesto filippi"

presente do meu corsário. mágico.

“(...) falava-lhe como que em silêncio. Sou mestre na
arte de falar em silêncio, passei minha vida toda
conversando em silêncio e em silêncio acabei vivendo
tragédias inteiras comigo mesmo.”

F. M. Dostoievski,
in: Uma Criatura Dócil.

ando...

mais praqueles lados que pra esses. aí onde estou, comeram minha língua. uma confluência de cabelos brancos, unhas não feitas, cigarros, seios pequenos demais. e rugas. detestável. e é meu melhor.

perdi a paciência de explicar. é verdade, escrevo menos. me vou. e volto breve. meu melhor será quando escreverei sem palavras.

Tuesday, May 16, 2006

contraste

avant-premiére de 'marcus vinicius vilaça, o artesão da palavra'.
h.dobal e suassuna estão aqui...

são paulo em transe. mundo cão.

Monday, May 08, 2006

por falar em xícaras...

Eu sei que por trás desse universo de aparências, das diferenças todas, a esperança é preservada. Nas xícaras sujas de ontem, o café de cada manhã é servido. [...]*

*[autor desconhecido, declamado por maria bethania em "maricotinha - ao vivo".]

pq maria bethania sou eu, em meus momentos fernando pessoa. quando desassossego. junto os pedaços. eu quero. ele serve meu café. escrevo meu 'L. do D.' misturado com manteiga e mel. escorremos nos pratos andy wharol. quase nada me apreende.

outros pratos...

eu queria ler os 'titãs da oratória', tava na janela do bar, do meu ladinho. ele achou um despautério. na quinta série, ele gostava dos dead kennedys. eu era apaixonada pelos olhos do bowie. na pinacoteca, eu comia panquecas no plural. ele fumava no superlativo.

doze anos sem ver o edu - saffi...! foi divertido. e minhas panquecas eram de chocolate!!!

Friday, May 05, 2006

Sunday, April 30, 2006

[...]3

delícia é...
assistir ná ozetti, o maestro cunha e a orquestra de câmara.
ir às lágrimas. só pelo som.
encontrar a helena, o giba assis brasil, comer banquete com a raquel e a preta.
chegar em casa-bagunça e escutar noir desir.

porque meu signo não é regular.
minha concha está aberta.

Wednesday, April 26, 2006

sobre a verdade verdadeira

assunto recorrente, imprensa.

em q pese, a patuléia - tomei do gaspari [ ! ], e o dines não se inclui na choldra - andar ocupada em arengas por um sujeito q não vale quanto pesa - vide observatório, diogo mainardi, franklin martins e alberto 'insuportavelmente' elegante e lúcido dines pra salvar a pátria - literalmente. algo pode-se salvar na era das luzes ofuscantes e cérebros carcomidos.

a verdade verdadeira, sinto, não existe. o q existe é uma tarefa solitária, construção individual, subjetividade criativa, libertária. em tempos de patrulha-direita-raivosa-patrulha-esquerda-ingênua, tal coloca-se como um probleminha extra pra quem tem o hábito de pensar.
minha utopia é wilde e guattari. um dia, quem sabe.

pra dar uma mãozinha:

Os blogs, como descritos em 1918
Verlyn Klinkenborg*

"Freqüentemente, recebo no computador uma lista dos novos livros acrescentados ao catálogo de obras online da Biblioteca da Universidade da Pensilvânia. Para mim essa é a versão de longa distância do tipo de pesca que fiz a maior parte da minha vida, vagando através das bibliotecas, fazendo descobertas acidentais nas prateleiras ao longo do caminho.

Porém, há um paradoxo aqui. Essa é uma biblioteca de alta tecnologia repleta de livros antigos. É verdade que, por causa das restrições impostas pelos direitos autorais, é raro encontrar uma publicação cuja data seja anterior a meados da década de 1920. Não conheço nenhum lugar no qual você possa sentir tão claramente a diferença entre as águas protegidas pelo direito autoral e o mar aberto do domínio público.

Na maioria das vezes, apenas dou uma passada de olhos nos títulos. Mas um dia desses me deparei com The Free Press ('A Imprensa Livre'), de Hilaire Belloc, publicado em 1918. Belloc, que morreu em 1953, está bem representado online. O Projeto Gutenberg já publicou dez de seus livros, o que parece muito até você considerar quantos livros ele publicou em sua vida - quase 150.

Belloc era versátil, firme em suas opiniões e não poupava esforços. Certa vez, assim resumiu sua filosofia sobre o ato de escrever: 'A arte toda consiste em escrever e escrever e escrever e depois oferecer para venda, exatamente como manteiga'.

The Free Press é um longo ensaio que examina a história do que Belloc chama de imprensa oficial na Inglaterra e o surgimento de imprensa livre rival, na forma de pequenos jornais, freqüentemente de vida curta.

A imprensa oficial, afirma Belloc, é centralizada e Capitalista (ele sempre escreveu Capitalista com inicial maiúscula) e seus proprietários são 'o verdadeiro poder governante no mecanismo político do Estado, superior ao das autoridades estatais, nomeando e demitindo ministros, impondo políticas e, em geral, usurpando a soberania - tudo isso de maneira secreta e sem responsabilidade'. O resultado 'é que a massa dos ingleses parou de ter ou até mesmo de esperar informações sobre a maneira como são governados'.

É uma delicada tarefa histórica transplantar o argumento de Belloc da época dele para a nossa. Talvez nada distancie tanto seu ensaio como a pressuposição de que os principais jornais moldavam o poder político da nação - que os políticos governavam com o consentimento tácito dos donos de jornais.

Nenhum jornal ou rede de TV da nossa era pode ocupar o lugar do conjunto dominante de jornais de lorde Northcliffe (1865- 1922, jornalista britânico nascido na Irlanda, o mais espetacular jornalista e editor de jornais da imprensa britânica. Fundou o Daily Mail em 1896 e o Daily Mirror em 1903), incluindo o The Times de Londres, que incorporava a idéia de Belloc de imprensa oficial. O equilíbrio de poder mudou e muitos dos ideais implícitos da imprensa livre ou independente, como Belloc a descreve, foram absorvidos por jornais modernos. Também não faltam jornais pequenos, opinativos e independentes que ele defendeu.

Mas ainda vale a pena ler The Free Press, pois descreve, com algumas importantes adaptações, a relação em evolução entre blogueiros políticos e a mídia da corrente central do pensamento nacional. A imprensa livre descrita por Belloc era uma horda de pequenos jornais altamente opinativos, às vezes propagandísticos, que surgiram em reação à 'imprensa oficial do Capitalismo'. Segundo Belloc, o que caracterizou a imprensa livre foi um 'particularismo discrepante'.

Como ele diz, 'a imprensa livre lhe dá a verdade, mas somente em seções desarticuladas, porque é discrepante e é particularista (para 'particularismo', Belloc oferece 'excentricidade' como sinônimo). Para chegar à verdade lendo os órgãos da imprensa livre, você precisa 'juntar tudo e anular uma declaração exagerada comparando-a com outra'.

Mas o que ele quer provar é que você pode chegar à verdade.

Há parágrafos inteiros no ensaio de Belloc nos quais se você substituir imprensa livre por blogs ficará surpreso com as semelhanças. Ele observa que os jornais da imprensa livre raramente se pagam e que muitas vezes tropeçam na 'informação imperfeita', simplesmente porque não é de interesse dos políticos falar com eles.

Eles tendem a pregar para os convertidos. E são limitados pela visão do seu fundador. 'É difícil', escreve Belloc, 'ver de que forma alguns dos jornais que mencionei vão sobreviver muito tempo à perda de seu atual editor'.

A intenção de Belloc não é trazer à luz as limitações dos blogueiros - perdoe-me, da imprensa livre. É mostrar como, por mais imperfeitos que sejam, eles podem contribuir enormemente para nossa capacidade de conhecer o que está acontecendo. Qualquer pessoa que passa muito tempo lendo blogs políticos detectará uma nota familiar - numa prosa muito melhor - entre as certezas de Belloc. Em resumo, ele escreve como um blogueiro do seu tempo.
*Jornalista do 'New York Times'"

Monday, April 24, 2006

trágico

faroeste não é meu gênero preferido. mas obra de arte é obra de arte. se vê.

moleza boa, caminha fofa, mulher inteira, e tv só pra pegar no sono. por acaso, passei pela tv 2-guaíba. não tinha idéia do q estava assistindo, mas em uma cena, tive certeza de ser um dos 'grandes' como diz mon cher ami.

planos abertos, típico de faroeste. panorâmicas contra-pontuadas com super closep-ups, os olhos de henri fonda e charles bronson. uma música tão tristemente tragicamente dramaticamente assim pungente, q morte não é coisa corriqueira. mesmo em um faroeste, e mais ainda, tendo charles bronson atrás do gatilho. nada disso. carga dramática operística pontuada com muita, mas muita classe, pelo olhar glacial de bronson. de arrepiar. o motivo se nos apresenta ao final. um puta filme.



enfim...
trágico é c'era una volta il west. charles bronson, claudia cardinalle e henri fonda. em circunstância. a dança da morte de sergio leone.
r e c o m e n d o.

Friday, April 21, 2006

da desnecessidade de escrever

trechos de polzonoff.
não é novo o q ele diz, cortázar já se justificou pela necessidade, premente, com amargura, muita.

e hj 'todo mundo' escreve... inclusive eu - embuste, não me iludo. mesmo.
talvez vivamos um obscurantismo às avessas. informação 'de mais' e 'de menos', inutilidades e obviedades. se nada tem a dizer, duas opções: fique calado, ou vire colunista da zh, publique livros, figure na lista dos mais vendidos. algo há errado - comigo, claro.

"Pela primeira vez em anos estou me sentindo confortável com o fato de não estar escrevendo ficção. Acho que entendi o hiato: ele é fruto da desnecessidade. Para ser um escritor é preciso cumprir dois requisitos. Um é trabalho, sem o qual a obra será para sempre um rascunho. O outro é a necessidade. [...]

A vida tem caminhos e descaminhos e eu nunca tive medo de trilhá-los. Andei por pontes caindo aos pedaços, sobre precipícios sem fundo; andei por desertos e por florestas densas, onde a luz do sol não entrava; andei por crateras imensas e também sobre o topo das maiores montanhas. Vivi. E no percurso da vida acho que os manuscritos se perderam. Ainda bem.

Tenho uma relação muito tensa com o que escrevo. Mais tensa ainda com o que escrevi. [...]

Hoje eu olho à minha volta e o que vejo são poetas demais e escritores demais. São poucos, pouquíssimos, os que têm algo a dizer. Vou à livraria e as vejo abarrotadas de volumes que ninguém vai ler – simplesmente porque são desinteressantes ou escritos por gente que sabe compor uma frase, ainda que ela seja totalmente vazia de vida. Numa mente mais, como direi?, cheia de si, tal constatação poderia servir de estímulo. Como se eu batesse no peito e dissesse que seria diferente – e melhor. Mas não é assim que funciona.

Não sinto necessidade alguma de escrever. Até tenho histórias para contar, mas elas amadurecem num compartimento secreto da minha mente. Não as contarei até que as possa rechear de vida. Além disso, preciso encontrar na escrita a tal da obsessão, que se origina na necessidade. Enquanto eu continuar me sentando para escrever pensando no que será do meu almoço, nada serei senão um mero leitor. O que não é de todo mau."

por: polzonoff, q prepara ensaio sobre michel houellebecq...

Thursday, April 20, 2006

dialética. moi?

...

essa e essa são, em tese. aquela, mais a outra são, antítese.

síntese. donde estas???
donde estoy...?

Wednesday, April 12, 2006

a palavra

bem, bem, escrevo por demandas, as mais variadas.
pra entrar aqui e publicar, no entanto, a coisa anda espinhosa. outras demandas.

recebi um poema. o poema q veio com uma observação sobre comover-se com ‘a palavra’
.‘a palavra’ dita assim... imediatamente me trouxe à mente outro poema...

A palavra precisa lança o som à velocidade da luz
Onde nós e você
Dominamos o espaço
A imagem fala por si
E por mim
Portanto flutuaremos pelo avião
Como um par dançante
Perseguidos pelos olhares estrelados
De uma platéia atenta
É fundamental o texto

(Bernardo Vilhena)

A gagueira quase palavra
Quase aborta
A palavra quase silêncio
Quase transborda
O silêncio quase eco

A gagueira agora
O século eco

(Arnaldo Antunes)

Hoje só quero Ritmo.
Ritmo no falado e no escrito
Ritmo, veio-central da mina.
Ritmo, espinha dorsal do corpo e da mente.
Ritmo na espiral da fala e do poema.
Ritmo é o que mais quero pro meu dia dia.

(Waly Salomão)
Composição: Arnaldo Antunes / Bernardo Vilhena / Waly Salomão

ele sempre vem quando alguém fala ‘a palavra’ com boa ênfase.
sobre palavra e silêncio, o poema fala por nós.
é fundamental o texto.
mas o intertexto...
é como é: entre o ser o verbo, caminhos caminhos caminhos...

Tuesday, April 11, 2006

[...]

delícia é trabalhar até às duas e meia da tarde.
entre três e cinco, dividir-se entre um antepasto de beringela que se apronta no forno e um artigo científico que se apronta no computador.
e...
às seis da tarde, parar tudo pra comer bolo de laranja com manteiga e café de moka...!!!

au revoir...

Tuesday, March 28, 2006

de porque eu não consigo colocar nome nas minhas personagens

"Rímini pode ter todas as caras do mundo. E quando ganha um rosto específico, essa decisão de que seja um só rosto é inteiramente brutal e antiliterária."
alan pauls, falando sobre seu romance 'el pasado' q será adaptado para o cinema por hector babenco.

eu sou muito pior q isso, ao colocar um nome na personagem, ela já não pode ser sofia, nem maricotinha; nem thomas, nem jenebaldo. e, ganhar nome é,de alguma forma, ganhar cara, nome pesa na personalidade da criatura, simplesmente me abstenho, para q eles possam ser sofia, maricota, geni ou maria isabel. ou thomas, jenebaldo, lucas ou marco antonio. ao gosto do cliente, o q é uma posição bastante cômoda. pra mim, reconheço...

Wednesday, March 22, 2006

para pensar

“Os inconformistas quase nunca tem razão nos precisos termos em que se manifestam. Mas, quase sempre tem razão na identificação do problema que os inconforma e no sentido geral da solução que eventualmente lhe será dada. Aos inconformistas só a história, nunca os contemporâneos, pode dar razão”. (Boaventura de Souza Santos)

Sunday, March 05, 2006

todo mundo falando em sexo nessa rede...

nada... exagero. é só o afonso [o homem mais linkado desse blog] com seu, desde já antológico pequeno tratado do chato sobre as calcinhas. tá um tesão aquilo. próximo tomo: paladar... [...]

de lá, invadi um blog estranho [melhor seria dizer desconhecido meu, pra não causar qqer mal-estar semântico]. só pq a simy concordou comigo em um comentário perdido em um tomo qqer entre calcinhas de algodão lycra e outras umidades... bem, bem, ela fala de milan kundera e fala de sexo sem norma convenção etiqueta, libertário.

como deve ser. é q eu lhe disse... um terreno onde não deve haver culpa convenção vergonha; muito menos mesquinharia ninharia economia. deve ser um ato TOTAL.

e eu q teria um rosário pra desfiar sobre o assunto, pelo simples fato q todos temos, me abstenho. em termos. tudo é uma questão de chave.

como já escrevi em outra ocasião, toda teoria do prazer se resume na seguinte lógica, não necessariamente na ordem: "i.vc sente prazer, ii.vc proporciona prazer, iii.ver o outro sentir prazer, iv.aumenta aumenta o seu próprio prazer [tem outros componentes, o cheiro, o gosto, a pele, os olhos, o cérebro, e outras 'substâncias' mais... mas não é um tratado. paramos aqui.]

bom, mas, e isso talvez seja pernicioso, após o 'êxtase-auge-clímax-orgasmo-gozo', 'dois' são 'dois' novamente. e parecia tão melhor ficar assim sendo 'um'... perceber q 'um' é muito mais mágico-gostoso-delirante-sensacional, te faz dar uma tremenda importância pro outro...! dangerous..."


é dangerous mesmo. qdo o outro acha essa chave... q céu...

Thursday, March 02, 2006

eu + mel

como percebem passei o carnaval brincando de jardineira... fora isso, eros [ainda estou digerindo. imagens belíssimas, cinema sensorial-epidérmico-olfativo], uma rua chamada pecado [marlon brando está impecável. impecável e belo.], jantarzinhos, conversas, uma berinjela bem temperada pro amor de outrém, testar minhas habilidades automobilísticas, se encantar com teodor shanin [minhas paixões teóricas seguem um certo padrão. que padrão poderia esperar entre marx, polanyi e shanin? eles escrevem com sentimento. não, não é piegas. é um sentimento ácido. uma ironia que beira a bofetada. as frases são bem escritas, é um deleite. “nenhum conceito deve ser revogado para se adequar a uma simples divisão de conceitos em ‘nossos’ e ‘deles’, sendo q os ‘nossos’ se situam em um mundo asséptico, livre de qualquer mistura alienígena....”! e se é um deleite, não há esforço. e como o próprio pontua “como sexo, quanto menor o esforço, melhor o desempenho” (1980, p.74).].

ontem começou tudo. trabalho novo, dissertação a mesma, projeto pra finalizar e enviar, sem condicionador no banheiro, nem leite na geladeira, escrever com responsabilidade, ou obrigação, medo, carro, viagem, grana, sorriso, carinho, cheiro, tesão, as melhores coisas q eu escrevo seguem impublicáveis...

não sei como tudo vai ser. canso derek and dominos fazendo-os cantar pra mim, enquanto imagino tudo... ‘she took my hand, and try to make me understand...’ sem resposta. fazer.

MAIL DA MINHA IRMÃ, de barcelona, depois de eu ter enviado um pra ela falando da intensa vida política do país do carnaval... lembro do afonso sempre agora... quero dizer, putz, o afonso além de ter um alter ego chato ainda tem uma consciência política cohabitando seu ser... o ilustre henrique viii. TÁ NA HORA DE COMEÇAR A BATER!!!

atenção no resumo-conclusão...!

Oi guria,
nao pensa que os políticos aqui sao grande coisa,
o noticiário é uma piada: qquer coisa (qquer mesmo!) é motivo para a oposiçao atacar o governo, mesmo que seja por exemplo os problemas das caricaturas do Maomé - que foi motivo pra bagunça e violência por 1 mês aqui - é uma piada! Além do mais sao como aqui, nunca concordam com nada, nao sao capazes de "se unir" em favor do país. E o pior de tudo que a oposiçao acusa o governo de nao ter nomeado nenhum especialista para integrar a Comissao que esta cuidando do caso da gripe aviária.
Resumo: os políticos sao ridículos no mundo todo.
Nao temos comido pescado pq é muito caro, tampouco gado!
Qual é o problema da carne de porco??
Depois te escrevo mais, agora vou indo pra aula.
Mel

Saturday, February 25, 2006

estava com uma tristeza sangüínea... estados de ânimos apertados. escondidos q alguém acha, sem querer nem por que. remexido, virado, bagunçado. q ordem pôr? colocar em ordem?

plantar orquídeas e canabis... fazer mudas de manjericão.

Tuesday, February 21, 2006

3 notas...

eu, sábado a tardinha, linda de sol, flaneur bom fim cidade baixa... meu alto comando cerebral cerze... bermudas... e encrencas... eu olhando as árvores, e eles em guerrilha interna [esse bando de celerados!].
uma cantada me trouxe pro mundo: 'essa morena e um baseado...'. me limitei a sorrir e seguir meu rumo. mas achei ótima!!!!

o tiagón descobriu o isis. eu enviei para alguém q não conhecia, mas presumia q iria gostar.
a avaliação: "Trata-se de uma saudável mistura de Pink Floyd, Ministry, Soundgarden e Slayer (!). Clima brumoso, etéreo, pós-guerra. Em resumo: trilha sonora do fim do mundo." achei ótima!!!!

fui convidada pra assistir um filme q não sei qual é, de um diretor q eu não sei quem é, sobre uma história q eu não li. na verdade um conto do caio fernando abreu. não rolou, ruídos, era amanhã. acabamos a noite no ossip-não-aceita-cartão-de-crédito-visa-electron-banricompras-qualquer-dinheiro-genérico-tipo-economia-capitalista-moderna-disgusting-q-nos-facilita-toda-vida, e +, sem dinheiro nem cheque, tomando-cerveja-comendo-pizza-fumando-comprando-anéis-de-prata. um mistério não raquel!? achei ótimo!!!!
[ainda bem q amigo não cobra juros. nessas horas a grandeza analítica de karl polanyi é mesmo inquestionável!]

Friday, February 17, 2006

plongée

cenário: larissa, 28, morena, sentada no sofá vermelho da sala de estar do seu apartamento [luz de fim de tarde], tranqüilamente cerzindo [nota do tradutor: cerzir = costurar um buraco em alguma-qualquer peça de roupa, no caso aqui, uma bermuda caqui - dessas bem apropriadas a programas tipo saffaris nas savanas africanas.... hã?].

cena doméstica retratando uma tarefa assaz banal para uma moça prendada.
mas...

larissa
NÃO
é
uma
moça
prendada.

bem q eu vi, aqueles cabelos não enganam! oh! o semblante concentrado da mulher na verdade dissimula a tensão do ambiente fumacento do seu centro mental de decisões sobre, entre outros, o melhor lugar para enfiar agulha...

vejamos
mais
de
perto:
zoom na mulher. mais, mais. close-up. mais. mais. entra no cérebro dessa maluca, pode ser, ou ta difícil?

ali estão eles.


o alto comando cerebral... ambiente carregado - nervosismo, ironia, nicotina, insegurança, deboche, nicotina... discutindo a melhor estratégia para tapar o furo: não há qualquer registro desse tipo de tarefa em seu menu sortido de habilidades.

pergunta [cretina]: sabemos fazer isso?
resposta [apaziguadora]: claro q sim. em tese, em tese.
réplica [irônica]: me caiu os butiá dos bolso....
tréplica [blasé]: um cigarro?
retomando: a teoria é ridiculamente elementar, é um abuso de tão simples; é como fazer uma teia
pergunta [estúpida]: teia?
resposta [impaciente]: teia, teia! como as aranhas fazem...
comentário [desnecessário]: aranha, aranha. consegue ligar o nome à pessoa?
retomando: junta-se as bordas do furo e depois vai preenchendo os espaços vazios com linha, e mais linha... até cobrir o maldito buraco.
pergunta [cretina]: vai ficar bom?
resposta [imbecil, pero sincera]: vai ficar une grand mérde. mais elle ne s'importera pas...
réplica [cruel, pero mui lúcida]: até vestir essa mérde, e andar com esse feijão bege a enfeitar suas nádegas...
pergunta [a que não quer calar]: onde será q foram parar as cerzideiras desse mundo?
suspiro...*

* as cerzideiras desse mundo foram engolidas pelo lado negro da força. hj elas passam o dia cerzindo panos de guarda-chuvas-não-furados na décima primeira dimensão, vulgarmente, pero no injustamente, conhecida como: a dimensão dos guarda-chuvas ‘perdidos’.

Tuesday, February 14, 2006

o q inspira, inspira
sem dilema.
nem certeza.
pele é pele
cheiro
e o resto
é tudo...

Sunday, February 12, 2006

um dos encantos dessa minha vida é tomar o café da minha moka, fumando um cigarro preguiçoso, lendo algo q interessa, c um vasto e levíssimo silêncio de fim de tarde.

[...] mas chorei lendo simone de beauveoir.

Friday, February 10, 2006

notas...

procura-se lucile desesperadamente
b.b. king perdeu sua cadelinha yorkshire. ela sumiu dia 27 de janeiro. quem levar a cadelinha, viva, e, sem idéias, somente viva, receberá uma guitarra do próprio, como recompensa. ah, ela, a cadela atende por lucile, tal como sua guitarra, q não o atendia, mas tb não fugia. ora, claro q atendia... não precisa explicar como né... por favor...

mas q utilidade tem essa nota? nenhuma. por que tudo tem q ter utilidade afinal de contas? pra q se beija na boca, pra q se fuma um acompanhado de alguém q diz coisas interessantes, pra q se lê gorki, pra q se assiste casablanca cinco vezes..? ora, pq o humphrey bogart é um charme, essa era fácil...

senhor daí-me forças...
em um espaço de apenas uma semana, trois personnes, nem mais nem menos, três criaturas de deus vieram me falar bem do david coimbra. mereço isso??? bom, eu até posso ter jogado pedras na cruz de jesus, muito embora, em q pese a lista cemquilométrica de restrições à igreja católica apostólica e romana, somente agravada gravemente pela minha condição de homo sapiens mulher, mesmo assim, duvido q fosse sádica a esse ponto, nem em encarnações bem mais remotas. mas, vamos considerar a hipótese, td bem, eu mereceria. olha o tempo verbal. mas ele? ele, não...

não, minha cultura futebolística é sofrível. não sei a diferença de gol de placa e gol de letra [mas eu sei o q é escanteio!!! e acompanho as campanhas do campeão mundial guerreiro tricolor!!! gol de letra, pra mim, é uma fundação do raí. q eu me lembro muito bem obrigada por motivos óbvios. aliás, o futebol tem disso, ou desses, não é q um dia aí mudando de canal, um jogo do campeonato espanhol, uma falta, uma barreira: figo, zidanne e beckhan. benza deus uma barreira dessas...]. não tenho reparo algum quanto suas críticas esportivas. não leio. muito embora, de fonte segura, um homem [e sejamos razoáveis, futebol é coisa de homem. é um mundo masculino por excelência. ora, qual mulher q se preze lembraria do gol q o lothar matheus fez na copa de 1990 no jogo contra a iuguslávia? eu não sei nem contra quem foi a final da última copa...], voltando ao homem [perdoem, mas os colchetes são tipos muito temperamentais. é uma negociação complicada cada vez q se requer seus préstimos, já que eles são bastante mais bonitos e mais práticos q os parênteses, seus primo-irmãos, e tendo consciência disso, são uns provalecidos – como diria minha vó!], o homem o homem... um homem me falou q sua – do coimbra, cultura futebolística não é nada lá essas coisas. o q só piorou a sua – do coimbra, situação comigo.

eu não gosto do q eu leio, crônicas do cotidiano... buf... sim, leio. ou melhor, já li. mas isso era antes. não tenho mais paciência. pra mim, ele se equivale a marta medeiros, só q sem aquela mania irritante dela de ‘concluir’ suas crônicas, e falando das mulheres de um jeito especialmente irritante. mas eles lançam livros. e as pessoas compram.

vão ler gorki.
sim, estou apaixonada por ele. reli dois contos dele hj a tarde. ‘uma noite de outono’; e ‘vinte seis e uma’.

Tuesday, February 07, 2006

o q inspira, aflige.
dilema.
pele é tudo...

Sunday, February 05, 2006

pra que amendoeiras pelas ruas? para que servem as datas?

a propósito de uma questão formulada em um canto agradável do ocidente sobre o que é, afinal de contas, uma data, motivada pela minha curiosidade sobre as comemorações de um certo aniversário, especulemos... já que there’s no answer, ou porque buscamos sentido, muito mais que respostas, tal como wittgenstein.

as datas, antes de qualquer outra coisa, são convenções. além dessa obviedade, cada classe de datas [no sentido taxonômico e não marxista, bem entendido] serve a um propósito distinto, de acordo com o regime político, econômico, religioso, cultural, ideológico, etc, etc, em hora vigente. passemos ‘a lo largo’ de feriados cívicos e datas santas, onde, ainda assim, não se deixa de comemorar certos aniversários de uns poucos mais ilustres que a vasta inominada massa de mortais. o aniversário parece cumprir função semelhante àquilo que chamamos de ano novo, ou seja, serve ao tempo. tempo que ainda carece de definição metafísica de consenso, é designado, sendo de inegáveis utilidade lingüística e semântica, ainda que de pouco efeito prático cotidiano, nos seguintes, entre outros, termos do nosso idioma: “duração limitada, por oposição à idéia de eternidade; sucessão de anos, dias, horas, momentos, que envolve, para o homem, a noção de presente, passado e futuro; meio indefinido onde se desenrolam, irreversivelmente, as existências na sua mutação, os acontecimentos e os fenômenos na sua sucessão”.

no entanto, mais que à passagem, é à materialização da passagem a que se prestam as comemorações de nascimento, cabendo alguma contabilidade, que passa por perdas (de tempo, pessoas, lugares, tônus, palavras) e ganhos (de histórias, pessoas, lugares, rugas, palavras), os quais, todos somados e sem rejeitos, nos lembram que tempo... passa, mas, e a graça da coisa toda, cada um faz o seu.

mas os aniversários ainda nos servem para dedicarmos palavras afetuosas etc etc etc...

dei essa volta, e pilhérias à parte, afinal uma ‘deixa’ não pode passar por diante sem ser devidamente executada, tal como no futebol, bola que sobra, azar é do goleiro, o q era pra ser um inocente e bem mais sucinto cumprimento de felicitações acabou, com os devidos cortes em nome do decoro não sei de quem, publicado nesse domingo tórrido, onde eu ainda devo visitar o condomínio verbeat duzentos anos sem saber nada sobre a vizinhança... feio...

Saturday, February 04, 2006

  • Au Daslu, les reiches clientes osnt accueillies par des vendeuses qui 'ont pas le droit de leur parler.


  • c'est ne pas posible negar q nós somos colonizados. c'est triste, trop triste, mais c'est vrai.

    estou contra o sistema nesse momento. maiores, mais sérios e encadeados comentários não tenho vontade de fazer. acordei 3h, durmi no meio de 'casablanca', sonhei com humphrey boggart, pra terminar publicando um link pro le monde. são 4h38, vou durmir. tenho uma batalha against the system tomorrow...

    Tuesday, January 24, 2006

    oh...

    depois de refletir um cigarro, me dou conta de três coisas. 1. o perplexo abaixo foi o primeiro post do ano. 2. tenho fome. 3. ninguém mais deve acessar esse blog relapso...
    mais de um mês sem postar... não esperem q eu atualize a vida. it would be boring, for me and for you...! trust me.
    nesse mês tive q terminar de escrever os ensaios das disciplinas do mestrado, fazer uma mudança de casa, e todo o trabalho braçal e burocrático q isso implica [aliás esfregando as paredes do meu apartamento velho q eu tive a sacada de pq pobre não se entedia. não é possível, pois não sobra tempo. simples. trop simples.], escrever um projeto de pesquisa e preparar minha pesquisa exploratória.


    e agora nesse exato instante, é isso q eu faço. pesquisa exploratória. bom jesus, são francisco de paula. o lugar é absolutamente lindo. tem algumas excreções estéticas, como pinus eliotis. bem, mas culpar o dinheiro pelos males do mundo, como eu ia fazer em sentença abortada antes de formulada, seria tão simples, quanto ingênuo e ou estúpido.

    sejamos realistas, o homem veio à existência com um ou dois pares de genes mofados. e isso não tem solzinho q dê jeito. só uma gente celerada como os americanos podem pensar q o mundo, incluindo o homem, é projeto arquitetônico. sem precisar desenvolver, pobres arquitetos...

    o pessoal de campo aqui são uns gaúchos de muito fundamento, laçadores, tropeiros, gente antiga, séria, gentilíssima e simples. [...]