Friday, February 25, 2005

in vino veritas...

e tomamos boas garrafas ontem, discutindo todos os problemas do homem e do mundo. pior pra lei do silêncio, pq italiano não conversa, berra. e argumenta e aponta e abre os braços. um horror.
começou c o celerado do severino e os picaretas de brasília, muito rapidamente,
- a mulher q não trabalha é um saco.
- como? a tua mãe é um saco?
- não, a minha não.
bla bla bla bla
- e ainda tem q 'dar' pra um cara 'mala' de noite.
- ah para aí, já tem variável demais nesse teu problema.
- é mas vcs tb querem um cara lindo, inteligente, sensível, bem sucedido e q tenha pau grande.
- ah não, isso é uma posição masculina ao contrário.
bla bla bla bla
- ele fumou, mas não tragou. e daí?
- e daí ele é imbecil!
bla bla bla bla
- é mas esses velhos q pegam essas guriazinhas são todos uns degenerados.
- que é isso? se tu quiser transar c homem, c mulher ou vinte, trinta ao mesmo tempo, ninguém tem nada c isso.
bla bla bla bla
- ah peraí! o michael moore também é um embuste!
e logo tudo. e tudo era polêmica. pq tinha sempre um a fim de botar fogo na casa [eu incluída, é claro].
- ta, agora vcs vão ficar putos comigo, mas pensa se...
confusão! todos precisam opinar ao mesmo tempo e primeiro.
uma beleza! e o incendiário rindo, claro, pq tentam desmanchar a nada o teu míssil...

o jantar estava ótimo, os vinhos idem, e a peleia divertida.
e depois de defender e rechaçar pontos de vista, voltando pra casa penso. nessa altura da minha vida, me sinto 'cimentando' dúvidas, ao invés de certezas. e ao invés de procurar confirmar coisas, me sinto procurando e, pior, alardeando a contradição. a idade certamente contribuiu para ruir um sem número de conceitos dentro da minha cabeça. vários tijolinhos espalhados...

eu me sinto um ponto de interrogação.
mais ou menos isso...

sou eu mesma, charada sincopada
q ninguém da roda decifra
no serões da província
quanto fui, quanto não fui
tudo isso eu sou
quanto quis, quanto não quis
tudo isso me forma
quanto eu amei ou deixei de amar
é mesma saudade em mim
sou eu mesma, charada sincopada
q ninguém da roda decifra
no serões da província!

[sou mesmo trocado, fernando pessoa]

1 comment:

Anonymous said...

mas isso é excelente! cimentar dúvidas é deixar todas as portas abertas para que a vida aconteça. a segurança e as certezas de uma Ordem Moderna são promessas jamais cumpridas!

que esse é o melhor caminho, é a única certeza que devemos ter...

... eu acho :)