Friday, February 04, 2005

nós, os bananas

Você sabia que duas empresas dominam todo o comércio de bananas no mundo? Que 30 empresas controlam um terço de todo o processamento de comida, cinco controlam 75% do comércio de grãos e seis controlam 75% do mercado de pesticidas do planeta? Que 84% do comércio de chá do mundo está nas mãos de apenas três empresas e só no México 40% do varejo de comida pertence à americana Wal-Mart? Isso sem falar na Monsanto, que sozinha controla mais de 90% do mercado internacional de sementes geneticamente modificadas.

Esta concentração de poder sobre a produção e o consumo globais de alimento é resultado direto das políticas de liberalização do comércio no setor impostas pelos países ricos, típicas do que é discutido e decidido quando eles se reúnem em Davos. O relatório expondo os perigos do domínio crescente de poucos conglomerados não só sobre o mercado mas sobre o destino de populações inteiras, com seu poder de liquidar pequenos produtores e determinar preços e regras de produção que lhes convêm, foi publicado pela ActionAid e é típico do que se discute seriamente no Fórum Social Mundial. E não se trata só de birra anti-bigbizines. O efeito maior da monopolização trazida pela liberalização, piada cruel, é que aumentam a fome e a miséria em países que não têm como enfrentar gigantes interessados apenas no lucro máximo e evitar a desvalorização do que produzem, como vem acontecendo, segundo o relatório, com o chá, o café, o leite, o trigo - e a banana.

Outra leitura recomendada para quem ainda acha melhor confiar em crises de consciência dos fatiotas em Davos do que ouvir esses esquisitos do Fórum Social é o que escreveu o Rubens Ricupero - que em nada se parece com o Hugo Chávez - no caderno de Economia da Folha neste domingo, sobre a história da nossa pauperização pelo capital predatório lá de cima. Uma assustadora história de vampiros e vítimas indefesas.

Os mundos de Davos e do Fórum Social podem conviver, sim. Mas será sempre eles como comerciantes de bananas e nós como bananas.

beleza isso não? só pra enfiar um pouco mais o dedo na ferida... mas com muito mais propriedade. lógico q não fui eu q escrevi. é do LUIS FERNANDO VERISSIMO, insuperável sempre pela perspicácia, meu colunista preferido junto com o hélio schwartsman, q escreve às quintas feiras na folha de são paulo e está em férias...

a propósito acabo de passar por um outdoor gigantesco escrito "qual é o meu lugar?" alguém aí tem a resposta???
será q o encontro entre abbas e sharon é o começo de um aperto de mãos duradouro entre palestinos e israelenses?
alguém tem uma manta palestina pra me dar???
alguém sabe falar de mais alguma coisa além de carnaval nesse país???

1 comment:

Anonymous said...

Muitas perguntas Larissa...
Não sei o que vai significar essa reunião.
Não tenho uma manta palestina. Mas dou um jeito de ir pessoalmente para o Oriente Médio conseguir uma pra ti!
Ainda bem que tu não falou de carnaval.
O teu lugar, podemos debater isso com calma...!
Beijo linda!
R.P.M.