Wednesday, September 27, 2006

fim do tributo masculino público / [...]

se alguém repara, andamos, eu, devagar nesse terreno. sem previsão de retomadas escandalosas, menos ainda, periódicas. achando qualquer coisa q valha socializações, se posta. a ciência me demanda um tanto. ando digerindo infinitamente. vagamente, mas especificamente. janto tortéi com meu cavaleiro. pq amor dá fome... e não sei quando retorno a esse planeta. rezo o terço dos insanos seis vezes em oração única. e antes de durmir. caminho de mãos dadas. vou à cavalo. e deus nos recebe.

Wednesday, September 20, 2006

johannes dahlmann*

*mote: 'o sul', jorge luis borges
[com o perdão da heresia:]

Isso a que chamam atavismo, livrei-me. Escolhi. O que distingue, verdadeiramente, o homem é a faculdade do livre-arbítrio. Um homem não é um acidente de seu destino, é um acidente de sua escolha. A morte clareia as idéias sobre a vida. Estou a morrer sem ressalvas. Tenho um corte nas vísceras, como uma solução de continuidade da minha existência. E registro.

Na vida o homem é consciente de suas linhagens para gostar de ruminá-las ou não. Eu nasci germânico e espanhol no meio de uma província rural. Poderia me convir a religiosidade e temperança de alma do meu avô Dahlmann, mas de melhor senso estético, julguei as heranças de Francisco Flores, pai de minha mãe, morto lanceado pelos índios de Catriel.

A vida desse meu avô hispânico era um épico militar, desde que se juntou à tropa do 2º. Batalhão de Infantaria de Linha. Ainda moço, mas, contam, com bigode de homem. Inteirava-se pouco dos particulares domésticos. Passava em campanha, cuidando de inaugurar batalhas, dado seu posto em tropa.
Quando eu era guri, me chamava de ‘Senhor Dahlmann’, enquanto tomava um mate que cozinhava minha língua miúda, e ouvia o que era do gado da estância pela peonada no galpão. Depois ele mesmo encilhava a égua, baia ruana, boa de boca, aprumo e temperamento, e saia recorrer a gadaria. Uns dias mais, ele juntava as encilhas e voltava pra campanha.

Eu mantive a estância no sul, aquela de meu avô Flores, a custo de sacrifícios. O trabalho na biblioteca, sendo mui meticuloso, não permite grandes ausências.

Há vinte dias, pensei, equivocadamente, que morria. Restabeleci-me. Fui para o sul, passar temporada.

Ruminei Francisco Flores a vida toda, até que aquele índio no canto do bolicho, sentado nos calcanhares, me alcançasse sua adaga. Fui provocado. Estava desarmado. O índio não disse palavra. Seu olhar me cobrou a linhagem.

Friday, September 15, 2006

sergio leone

surreal. o anterior inaugura uma série de posts [2...!?] com nomes de homens, como título. ainda q o homem q mais me interesse, não figure nominalmente nesse veículo... isso não é 'caras', afinal de contas...

cinema. é a segunda vez preciso recomendar um western. ambos, sergio leone.
da primeira, 'era uma vez no oeste'. um acaso bom, gentilmente proporcionado pela madrugada da 'tv2-guaíba'. dessa vez, 'the good, the bad and the ugly', na tradução 'três homens em conflito', premeditado em conjunto com meu cavaleiro hardcore - pero fidalgo.

da primeira vez, escrevi timidamente. mas vejo q não estava tão longe do pé assim...

planos abertos, típico de faroeste. panorâmicas contra-pontuadas com super closep-ups, os olhos de henri fonda e charles bronson. dessa vez são os olhos de clint eastwood. lindíssimo.



uma música tão tristemente tragicamente dramaticamente assim pungente, q morte não é coisa corriqueira. mesmo em um faroeste, e mais ainda, tendo charles bronson atrás do gatilho. nada disso. a música de 'três homens' é exata. e a edição é sutil. perfeita. se, se morre no mundo de marlboro de sergio leone, morte é grave. guerra, abominada.

carga dramática operística pontuada com muita, mas muita classe, pelo olhar glacial de bronson. de arrepiar. o motivo se nos apresenta ao final.
meu cavaleiro leu pra mim:
os 'três homens' é de 1966, dois anos antes de 'era uma vez...'. a comparação com ópera... confere [!].

como eu havia dito. enfim...
trágico é
'the good, the bad and the ugly'. clint eastwood, eli wallach e lee van cleef. em circunstância.
R E C O M E N D O. agora em caixa alta. como deve ser.

Tuesday, September 12, 2006

atílio bergamini

me interrompo de afazeres porque acabo de ler algo que me interessou. muito. uma delicadeza. de um colega ‘oficineiro’. não q ler coisas q me interessem seja raro. pelo contrário, leio até bula de remédio. lista telefônica, acho chato. interações medicamentosas e farmacodinâmicas são divertidas.

percebo q a ressonância do texto me agrada mais agora, q sempre. teve tempo em q eu adorava os românticos malditos. eu sangrava também. queria escarlate. literariamente falando, sem nenhuma chancela, a não ser a de leitora, já me toca menos. sim, detesto parnasianismos sem intencionalidade. eu não acredito, simplesmente. literatura é provocação.

serve bem pingar tudo de sangue pra nos expiar a quem sofre. igual chorar. mas já acho o resultado, do texto, não do pranto, sofrível, evidente demais. coisa pra leitor preguiçoso. um leitor atento percebe cada palavra. e confere ao silêncio o mundo inteiro. o q não está dito ressoa na concisão.

enquanto eu... escuto dylan, q sangra fininho... trilha musical da minha última mudança. larguei o tarô, tirei ‘o louco’ outra vez. está, assim, bem arrematado. ‘o cavaleiro’ e ‘o louco’.
pela manhã, saio escorrendo herberto helder. tenho um pouco de medo. e quero tudo.

Tuesday, September 05, 2006

das estrelas, monitoramos vermes

notícia abominável no obs. não é novinha em folha, a notícia. é nova aquisição da rbs. nova de uma semana, a notícia. a aquisição vem acompanhada de editorias mais enxutas, estilo agressivo e tal. mais gente desempregada. a notícia vem acompanhada de 'comentários' e 'pontos de vista', de praxe, sobre os riscos do monopólio. da imprensa, temeridade.

me abstenho. com ênclise mesmo, ânsia, quase fúria e desânimo.