Friday, February 17, 2006

plongée

cenário: larissa, 28, morena, sentada no sofá vermelho da sala de estar do seu apartamento [luz de fim de tarde], tranqüilamente cerzindo [nota do tradutor: cerzir = costurar um buraco em alguma-qualquer peça de roupa, no caso aqui, uma bermuda caqui - dessas bem apropriadas a programas tipo saffaris nas savanas africanas.... hã?].

cena doméstica retratando uma tarefa assaz banal para uma moça prendada.
mas...

larissa
NÃO
é
uma
moça
prendada.

bem q eu vi, aqueles cabelos não enganam! oh! o semblante concentrado da mulher na verdade dissimula a tensão do ambiente fumacento do seu centro mental de decisões sobre, entre outros, o melhor lugar para enfiar agulha...

vejamos
mais
de
perto:
zoom na mulher. mais, mais. close-up. mais. mais. entra no cérebro dessa maluca, pode ser, ou ta difícil?

ali estão eles.


o alto comando cerebral... ambiente carregado - nervosismo, ironia, nicotina, insegurança, deboche, nicotina... discutindo a melhor estratégia para tapar o furo: não há qualquer registro desse tipo de tarefa em seu menu sortido de habilidades.

pergunta [cretina]: sabemos fazer isso?
resposta [apaziguadora]: claro q sim. em tese, em tese.
réplica [irônica]: me caiu os butiá dos bolso....
tréplica [blasé]: um cigarro?
retomando: a teoria é ridiculamente elementar, é um abuso de tão simples; é como fazer uma teia
pergunta [estúpida]: teia?
resposta [impaciente]: teia, teia! como as aranhas fazem...
comentário [desnecessário]: aranha, aranha. consegue ligar o nome à pessoa?
retomando: junta-se as bordas do furo e depois vai preenchendo os espaços vazios com linha, e mais linha... até cobrir o maldito buraco.
pergunta [cretina]: vai ficar bom?
resposta [imbecil, pero sincera]: vai ficar une grand mérde. mais elle ne s'importera pas...
réplica [cruel, pero mui lúcida]: até vestir essa mérde, e andar com esse feijão bege a enfeitar suas nádegas...
pergunta [a que não quer calar]: onde será q foram parar as cerzideiras desse mundo?
suspiro...*

* as cerzideiras desse mundo foram engolidas pelo lado negro da força. hj elas passam o dia cerzindo panos de guarda-chuvas-não-furados na décima primeira dimensão, vulgarmente, pero no injustamente, conhecida como: a dimensão dos guarda-chuvas ‘perdidos’.

4 comments:

Anonymous said...

belíssimo post! aliás, tua produção anda excelente :-D

Luiz Afonso Alencastre Escosteguy said...

Não imaginava que um simples buraquinho fizesse tanto mal assim. Agora, te coloca no lugar dessa gurizada quando vê o primeiro buraquinho da vida, hehehe beijão

Anonymous said...

Realmente, uma cabeça prodigiosa como a tua não merece ficar tapando buracos!! Tenho um amigo que tem uma cabeça que não presta pra muita coisa mas ele tem uma máquina de costura! Lembra do vizinho?
bj

larissa bueno ambrosini said...

merci tiagón! nada como um computador q tenha utilidade além de pegar pó em casa, não?! [agora eu tenho um q até funciona. bárbaro isso!]

dom afonso, meu caro, folgo em saber q está conseguindo acessar minhas sandices, apesar dos pesares e das baratas... [idéia fixa, não? será q freud explica???]
qto aos buracos... cada um com os seus problemas...!

raquel, a culpa não leva a nada, no máximo ao confessionário. mas a senhorita, sendo luterana, nem isso... portanto, relaxa e encomenda umas almofadinhas pra mim, si vous plait!!!!

bjs!!!